domingo, 30 de julho de 2006

Neste dia, em . . .

1957 – Início da actividade do Hóquei em Patins

Na Presidência de Francisco Soares da Cunha, o Belenenses supria uma lacuna, que era o facto de não ter actividade naquele que foi, durante muitos anos, a segunda modalidade mais popular em Portugal. Tempos houve em que o país literalmente parava e as famílias ficavam suspensas dos relatos do Portugal-Espanha.

Já antes o dissemos, e não nos vamos alargar sobre isso: não obstante ter tido, entre os seus sócios e adeptos, alguns dos maiores jogadores do Mundo desta modalidade, incluindo o maior de todos os tempos, António Livramento, o Belenenses nunca apostou muito na modalidade (que acabou por ser suspensa, não no tempo de Mário Rosa Freire, como por vezes se diz, mas, sim, pouco depois). Em contrapartida, por exemplo, vem gastando – e, escandalosamente, vai ainda continuar a gastar – rios de dinheiro numa modalidade (o Basquetebol) que há muito perdeu a sua tradição no clube, que há 47 anos que não ganha nem um Campeonato nem uma Taça de Portugal no escalão Sénior e que nunca nos poderia ter dado o que o Hóquei em Patins, com relativa acessibilidade, nos teria proporcionado: uma taça europeia. Quanto a nós, houve uma falta de sentido competitivo e de opção inteligente e sagaz que nos confrange.

Dizem alguns: pois, mas que prestígio internacional nos daria uma Taça Europeia de Hóquei em Patins, se essa modalidade só tem projecção em Portugal, na Argentina, e em limitadas regiões de Espanha e Itália? Quem nos dera que essa objecção fizesse sentido! Infelizmente, hoje por hoje, o problema do Belenenses não é a sua projecção internacional mas o seu prestígio nacional. Dos Campeões Nacionais de Futebol, Benfica, Porto e Sporting já conquistaram competições europeias colectivas; o Belenenses, não. Se não se percebe onde queremos chegar, não vale a pena insistirmos...

De qualquer forma, vamos aclarar duas coisas: defende-se aqui o fim do Basquetebol no Belenenses? Resposta: no escalão sénior, defende-se, sim senhor. Imediatamente!

E teimamos no relançamento do Hóquei em Patins? Resposta: a situação actual do Belenenses é tão grave que, neste momento, têm é que se extinguir modalidades e não criar outras adicionais. O problema de um modelo eclético caquético e insustentável, não é apenas o dos custos declarados. Há muitas outras vertentes: custos invisíveis (por exemplo, com departamentos médicos e necessidades correlacionadas); espaço ocupado nos terrenos do Restelo; descaracterização do clube, com a entrada, por esse via, de pessoas que pouco ou nada têm de belenensismo e que vão subindo até chegarem... ao topo do dirigismo; pulverização do clube em quintas e quintinhas, com incapacidade de hierarquizar prioridades e de as defender custe o que custar; estado de alienação de umas escassas centenas ou até mesmo dezenas de consócios – considerados importantes, somente, por constituírem o séquito do status-quo vigente – que perdem todo o sentido da realidade, delirando com feitos que nada dizem à opinião pública (incluindo 95% ou mais dos belenenses) e que levam a que dois ou três dias depois de descermos de divisão no Futebol se tente tapar o sol com a peneira de outras modalidades.

Não defendemos, é claro que se acabe com tudo (modalidades extra-Futebol) – e não autorizamos a que se diga que defendemos tal – mas, entre muitos outros aspectos, é preciso ter em conta:

– Os fundadores criaram o Clube de Futebol “os Belenenses” e, no Artigo 2º dos Estatutos, consta que ele “tem por objectivos o desenvolvimento e a prática da Educaçăo Física, a promoçăo e fomento de todos os desportos em geral e do futebol em especial, bem como de outras actividades de cultura e recreio” (sublinhados nossos, obviamente).

– É impensável que já haja quem expresse publicamente (porque, no fundo, não faltava quem desde há anos o desejasse) que o melhor é acabar com o Futebol ou, pelo menos, não o distinguir de outras modalidades. Note-se que, na última Assembleia-Geral, o Presidente da Direcção afirmou que está tudo bem, só numa modalidade (“o raio do Futebol”) é que não. Falamos aqui, é claro, da Assembleia-Geral ordinária de Abril último. Com efeito, tão imensa é a desmotivação da massa associativa do clube, que só se reuniram duzentas e tal assinaturas para uma AG extraordinária na sequência da descida de divisão (só por falta de discernimento ou por sobreposição de vaidades ou amiguismos ao superior interesse do Belenenses, pode alguém rejubilar com isso); os defensores acérrimos (com que interesse, cabe perguntar) da actual Direcção, nem metade disso conseguiriam reunir (o que, tirando a proporção, em nada nos alegra, pelo contrário); e uma AG anunciada pela Direcção ficará não se sabe para quando...

– O ecletismo Bingo-dependente nada tem a ver com o ecletismo de outros tempos.

– Desde que começou esse regime de bingo-dependência, só ganhámos um Campeonato e uma Taça da Liga de Andebol e um Campeonato de Râguebi, e não voltámos a ter atletas nos Jogos Olímpicos (compare-se com o passado sem rios de dinheiro...).

– Interessa manter aquilo que verdadeiramente traga prestígio ao clube – mas prestígio a sério (esqueça-se as palmadinhas nas costas da “sociedade civil lisboeta” que permanecerá benfiquista e sportinguista, apesar de – ou fingindo – respeitar-nos muito), prestígio que nos dê popularidade e granjeie adeptos ou, pelo menos, verdadeiro entusiasmo nos que ainda temos.

– Há que concentrar recursos e energias e utilizá-los com razoabilidade e visão de futuro ou, em breve, nada nos diferenciará do Ginásio Clube Português ou do Lisboa-Ginásio.

– Se eu estou endividado para com quem me fornece a comida, como posso estar a pensar em férias numa ilha do Pacífico?