1977 – Belenenses é primeira equipa portuguesa a vencer fora, nas competições europeias de Andebol (16-14 contra o Racing de Strasbourg, na 2ª mão da eliminatória)
Contámos anteriormente o que se passou na 1ª mão: o Belenenses venceu concludentemente, por 26-14, os franceses; mas estes, com expedientes de secretaria, conseguiram que o resultado não fosse considerado e que tudo começasse a zero no jogo da 2ª mão. Esperavam, assim, resolver a eliminatória em casa...
Mas, como tantos vezes aconteceu ao longo da histórica – e mais a mais, numa modalidade que, no nosso clube, tem tanta mística como o Andebol – a Alma Belenenses ergueu-se e, num jogo heróico, vencemos os gauleses, no seu próprio reduto, por 16-14.
A nossa equipa alinhou com: Carlos Silva; Manuel Sousa, Ferreira, José Manuel, Espadinha, Branco Lopes, Franco e Hernâni. Fica um destaque para Espadinha, autor de 7 golos, e um histórico do andebol belenense e português (como o foram José Manuel, Hernâni, Franco, António Ferreira e Carlos Silva, embora este tenha também actuado no Sporting).
Tornou-se, assim, o Belenenses a primeira equipa portuguesa a vencer fora nas competições europeias de Andebol. Afinal, o Belenenses é, em Portugal, sem dúvida, a maior escola de Andebol, com um prestígio sem par.
O nosso palmarés, é impressionante. Além das diversas participações europeias, o Belenenses conquistou os seguintes títulos nacionais:
6 Campeonatos Nacionais (1 deles, na variante de 11)
4 Taças de Portugal
2 Supertaças
9 Campeonatos de Lisboa (5 deles, variante de 11)
9 Campeonatos Nacionais de Juniores (3 deles, variante de 11)
1 Campeonato Nacional de Juvenis
11 Campeonatos de Lisboa, em Juniores (3 deles, variante de 11)
4 Campeonatos de Lisboa, em Juvenis
1 Campeonatos de Lisboa, em Iniciados
1 Campeonato de Lisboa, em Infantis
1 Taça de Portugal, no Sector Feminino
1 Campeonato de Lisboa, no Sector Feminino
1 Campeonato de Lisboa, em Juniores Femininos
(NOTA: estes últimos dados constam da Agenda Os Belenenses, onde editores deste blog – tantas vezes insultados – reuniram aquilo que se ignorava, que estava disperso: o palmarés do clube nas modalidades colectivas mais importantes. Confiamos que nesta época a lista de títulos seja acrescentada.
Na sequência do grande triunfo europeu do Belenenses, o nosso consócio Homero Serpa escreveu um oportuno protesto pela omissão de congratulações oficiais ao nosso clube, em contraste com exemplos recentes de outro clube, para com o qual se manifestou o servilismo de sempre. Transcrevemos esse texto:
“Quando o Benfica, campeão nacional de futebol, eliminou a equipa moscovita do Torpedo na primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus, o sr. Ministro, Dr. Sottomayor Cardia, enviou à equipa um telegrama de felicitações.
Entretanto, esqueceu o F.C. do Porto, que, por sua vez, tinha ultrapassado a primeira eliminatória da Taça das Taças.
Voltou o sr. Ministro a cometer a mesma gafe em relação ao Belenenses, brilhante representante de Portugal na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Andebol.
Realmente, jogadores que não recebem ordenado, nem prémios de jogo, que não têm ‘luvas’ e, no entanto, se batem, com o maior entusiasmo e determinação, pelo prestígio do desporto português, ultrapassando, com muito mérito, as limitações que impedem de ir mais longe, não mereceram de qualquer entidade (Director-Geral, Secretário de Estado, Ministro, etc., etc.) uma simples palavra de estímulo. Que os belenenses, vítimas de manobras antidesportivas congeminadas na Basiléia, até mereciam.
Porquê? Por que motivo suas excelências, tão prontas a felicitar o Benfica (que mereceu o telegrama enviado, isso não está em discussão), se fecham num mutismo susceptível de especulações? Mistério indecifrável ou questão politicamente insondável que classifica portugueses em filhos e enteados?
Mas o democrático ministro mais os seus directos e categorizados auxiliares em assuntos do desporto estão-se nas tintas para as explicações. ‘Azuis’ do Norte e do Sul cometeram o crime de eliminar equipas da Alemanha e da França e ainda queriam felicitações? Era o que faltava!”.