No MELHOR pano cai a NÓDOA
Esta é uma crónica alternativa. Não porque não concorde com a que já esteve no ar ontem, mas porque entre elas existe uma diferença: a de ontem é feita por quem viu o jogo no Estádio e a de hoje é feita por quem viu na TV.
O jogo de Sábado proporcionou um espectáculo emotivo, tão emotivo e combativo que as duas equipas entraram em campo mais com o intuito de não deixar jogar o adversário do que jogar a bola com qualidade.
Os primeiros 10 minutos foram de ascendente boavisteiro no controlo do jogo, mas o primeiro canto até foi alcançado pelo Belenenses, após Pelé ter rematado à entrada da área tendo sido desviado por Cadu. Este lance foi a primeira demonstração de que algo começa a mudar nos azuis, pois sempre que estamos em ataque organizado vê-se um dos centrais, sempre que possível, subir no terreno com o intuito de criar desequilíbrios da defensiva contrária. Este lance foi também o ponto de viragem do ascendente do jogo. O Belenenses dominou o encontro até aos 35 minutos.
Aos 16 minutos, Paulo Sérgio arranca uma excelente jogada individual que só foi parada por uma falta à entrada da área boavisteira. O livre, marcado por Fábio Januário, foi defendido para canto depois de embater na barreira.
Na sequência dos cantos apontados, outra ilação que se pode tirar é que já existe diversificação na maneira como são batidos e especialmente na movimentação dos jogadores. Principalmente observei Sandro Gaúcho com uma movimentação do 1º para o 2º poste, do que resulta libertar-se da marcação. Exemplo de que existe novas fórmulas treinadas de bolas paradas, foi o remate de Meyong ao primeiro poste de cabeça aos 26 minutos.
Por volta da meia hora de jogo Tiago vê o cartão amarelo por uma entrada duríssima sobre Sandro Gaúcho. Fary também viu a cartolina amarela, mas por protestos, depois de ter aparecido frente a Marco Aurélio e este ter defendido por instinto tendo o árbitro apontado pontapé de baliza.
A terminar os primeiros 45 minutos, a melhor oportunidade de golo é para o Belenenses. Silas, com um excelente passe de primeira, isola Paulo Sérgio mas Carlos é mais rápido a sair da área a jogar de cabeça, a bola sobra para Pinheiro que faz um chapéu a Carlos com corte de Areias, que consegue interceptar a bola e evita o golo. Ainda na sequência, a bola sobra para Paulo Sérgio que de primeira e de cabeça remata e novamente Areias de cabeça e praticamente no chão evita de novo o golo. A jogada terminaria com a cabeçada de Meyong para fora após o remate de Paulo Sérgio.
A segunda parte trouxe-nos novos e vários elementos de análise ao jogo.
O Belenenses até entrou bem, com uma boa jogada colectiva em que tiveram como intervenientes Silas, Meyong, Fábio Januário e Paulo Sérgio que rematou à figura de Carlos.
Dez minutos depois do intervalo, aconteceu na minha opinião, o primeiro caso do jogo, ou melhor da segunda parte.
Na sequência de um pontapé de canto, Cadu aparece sozinho perto da marca de penalty e cabeceia a vontade de cima para baixo, a bola dirige-se para junto do poste esquerdo de Marco Aurélio, que já estava completamente batido mas onde se encontrava Pinheiro junto a este poste, Pinheiro alivia a bola e Bruno Paixão manda seguir. Na minha opinião a bola quando foi aliviada por Pinheiro já tinha ultrapassado na totalidade a linha de golo mas também é verdade que não é perceptível como o lance do golo não validado ao União de Leiria nesta jornada no Alvalade frente ao Sporting.
Quatro minutos após este lance, Fábio Januário em lance individual e de contra ataque deita literalmente Cadu e Tiago mas remata à figura de Carlos já dentro da área.
Voltamos aos lances polémicos. O segundo lance em que intervem Bruno Paixão foi aos 70 minutos. Paulo Sérgio recebe uma bola dentro da área, rodopia sobre si a faz um remate a queima roupa que faz embater a bola no braço de Areias, Bruno Paixão apita grande Penalidade e exibe o 2º amarelo a Areias e o consequente vermelho. Meyong chamado a conversão do castigo máximo não perdoa e coloca o Belenenses a vencer por uma bola.
Mas no melhor pano caía a nódoa. Volvidos dois minutos Meyong embrulha-se com Cadu num lance dividido e com um pontapé agride Cadu, após o que é expulso.
Nesta altura Carlos Brito faz sair Zé Manel e entra Cafú, respondendo José Couceiro com a entrada de Romeu para o lugar de Fábio Januário.
Aos 80 minutos, Marco Aurélio evita a igualdade num rápido contra ataque do Boavista que, depois de uma grande falha de Sousa, proporciona a João Pinto o centro para Cafú que de cabeça remata para uma excelente defesa de Marco Aurélio.
Mas tal como aconteceu com Meyong, aconteceu com Marco Aurélio. Minutos depois de ter sido herói tornou-se vilão. A três minutos dos noventa, João Pinto remata de fora da área e Marco Aurélio dá um autêntico perú, que de tão grande não poderia ser um simples frango.
Bruno Paixão depois de ter dado 3 minutos de compensação termina a partida com o resultado de um golo para cada lado.
Ficha do Jogo
Belenenses: Marco Aurélio, Sousa, Pelé, Gaspar e Vasco Faísca; Sandro Gaúcho, Pinheiro, Silas e Fábio Januário; Meyong e Paulo Sérgio
Boavista: Carlos, Manuel José, Helder Rosario, Cadu e Areias; Tiago, Lucas, Paulo Jorge e Zé Manuel; João Pinto e Fary.
Substituições: José Pedro para o lugar de Silas (62'), Romeu para o lugar de Fábio Januário (78'). No Boavista saiu Fary, Zé Manel e Paulo Jorge e entraram William Souza, Cafú e Diogo Valente aos 55, 76 e 82 minutos respectivamente.
Golos
1-0 Aos 72 minutos por Meyong de grande penalidade.
1-1 Aos 88 minutos por João Pinto
Disciplina
Cartões Amarelos: Sousa (54') e Romeu (86') para o Belenenses, Tiago (34'), Fary (37'), Areias (45'+1' e 72'), Cadu (52'), Paulo Jorge (61'), Hélder Rosário (66') e Lucas (78') para o Boavista.
Cartões Vermelhos: Meyong (74') para o Belenenses, Areias (72') para o Boavista.
Comentário
Tantas vezes anteriormente apontámos o dedo ao treinador pelos insucessos, que hoje teremos de ser justos e apontar o dedo a dois elementos do plantel, pois um com uma infantilidade e outro com um erro de iniciado prejudicaram a equipa impedindo objectivamente a conquista dos 3 pontos, que tanta falta faziam.
Vamos melhorando de jogo para jogo e a conquista de três pontos no mesmo jogo não tardará.
