1926 – Obtenção dos terrenos onde virá a ser construído o Estádio das Salésias
Como já várias vezes se escreveu, o Estádio das Salésias, mais tarde chamado José Manuel Soares (PEPE), foi não só uma obra magnífica de esforço e de dedicação do Belenenses, como ficou sendo, por muitos anos, o melhor estádio do país. Foi o primeiro a ser arrelvado, o primeiro a ter uma bancada coberta, o primeiro a ter um campo de treinos complementar… a que ainda acresciam pistas de atletismo / ciclismo, um ginásio e instalações condignas.
Em 15 de Dezembro de 1926, pelo Decreto nº 12.823, o Governo fez constar:
“Considerando que ao Governo da República não pode ser alheio o interesse pela causa desportiva do país;
Considerando que o Clube de Futebol ‘Os Belenenses’ por várias vezes tem pedido a cedência de terrenos anexos ao Asilo Nun’Alvares para ali instalar o seu campo desportivo;
Considerando que em nada o referido asilo é prejudicado por tal cedência:
Em nome da Nação, o Governo da República Portuguesa, sob proposta do Ministro das Finanças, decreta para valer como lei o seguinte:
Artigo 1º: É cedida a título precário ao Clube de Futebol ‘Os Belenenses’, com sede na Rua Vieira Portuense, nº 48- 1º, em Belém, desta cidade de Lisboa, uma faixa de terrenos, constante da planta anexa ao processo arquivado na respectiva Repartição, para nela serem instalados a sede e o campo de desporto do referido clube.
Artigo 2º: Reverterá para a posse do referido Asilo a referida faixa de terreno, com todas as benfeitorias ali feitas, e sem indemnização, quando deixar de ser utilizada para o fim a que agora é destinada.
Artigo 3º: O Clube de Futebol “Os Belenenses” entregará ao Asilo Nun’Álvares a percentagem de 6 por cento sobre a receita bruta de todos os desafios de futebol ou festas desportivas, ali realizadas, bem como a receita líquida duma festa desportiva anual.
Artigo 4º: Fica revogada a legislação em contrário.”
Obviamente, os sublinhados são nossos. Destinam-se a que não se passe em claro realidades sem as quais é impossível fazer justiça ao Belenenses:
* Construiu-se todo o excelente património das Salésias à custa do esforço do clube e não de subsídios, subsídios e mais subsídios. Não recebemos de graça!
* Durante anos a fio, o Belenenses contribuiu muito relevantemente para uma obra social.
* Enquanto outros clubes, ao deixarem os seus campos, onde tinham feito obra muito inferior à realizada pelo Belenenses, receberam dinheiros públicos (no caso do Benfica, por duas vezes!), nós nada recebemos pelos terrenos das Salésias.
1969 – Fim dos 6 meses de celebrações das Bodas de Ouro do Belenenses
Durante estes 6 meses, sob a égide da Junta Directiva constituída por 3 grandes dirigentes – Gouveia da Veiga, Acácio Rosa e Coelho da Fonseca – o Belenenses viveu em festa, orgulhoso dos seus 50 anos de história.
Recebeu, como prenda maior, a recuperação da “posse” do Estádio do Restelo. Já em outras ocasiões aqui demos conta de vários passos dessas prolongadas celebrações. Até os Correios emitiram um selo comemorativo do evento (ver imagem).
Na organização deste festejos, justiça seja feita, destacou-se também António Sequeira Nunes.
Note-se, entretanto, o carácter popular do adepto do Belenenses representado na cartaz da época: qualquer coisa de muito diferente de um certo pseudo-elitismo balofo e cinzento que às vezes parece prevalecer...