quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Previsão meteorológica para a tarde de Sábado 17/12/2005

Finalmente! Um jogo em dia de fim-de-semana, às 16h00. Fantástico. Há muito tempo que este horário está afastado da rotina futebolística portuguesa sem que alguém, com uma visão mínima, o contrarie.

Não interessa. Não é disto que se trata o artigo, post, o que lhe queiram chamar.

Segundo o Ministério da Agricultura, com quem a equipa de "futebol" do Belenenses deveria estabelecer especial protocolo dada a repetidamente provada e muito especial capacidade para produzir adubo natural orgânico, o estado do tempo, previsto para a tarde do próximo Sábado é o seguinte:


Sábado - 2005/12/17
Céu pouco nublado ou limpo.
Vento em geral fraco predominando de nordeste.
Acentuado arrefecimento nocturno com formação de geada, em especial nas regiões do interior.
Neblina ou nevoeiro matinal.


Vai estar, tudo indica, uma linda tarde de Sábado. Um sol radiante com uma temperatura a roçar os 18º em exposição solar directa ou os frios 9/10º à sombra.
Parece, à primeira vista e em circunstâncias normais e munidos com os agasalhos apropriados, uma óptima tarde para levar a família ao futebol.

Mas vendo bem... como andam as coisas... se calhar não é. Senão vejamos:

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A réstia residual de uma defunta "Nação Belenense" vai manifestar-se “ruidosamente” em caso de nova indesejada mas (honestamente) aguardada derrota no próximo Sábado.
O estado a que isto chegou torna o “resíduo” em pouco mais (se tanto) de 1.000 (mil) pessoas.

Por isso aqui deixo a minha previsão do que se vai passar.

15h00 - 50 pessoas nas bancadas, entreolhando-se comprometidamente e, imediatamente antes do desvio de olhar final, o triste encolher de ombros já em jeito de despedida. Mãos nos bolsos, ar alheado como que perguntando “que raio me fez vir aqui hoje, mesmo?”. “Que grande camelo, irra!”

15h30 - 300 pessoas (bancada poente). 600 mãos dos bolsos. Ar desolado e mais que arrependido. “Ainda dará para pegar neste pessoal e levá-los aos Pastéis dizendo que já vimos o Estádio e que já podemos sair?” Disfarçando ao mesmo tempo o vazio que o Estádio está com a desculpa de que os 295 restantes presentes são, como eles, parte das recém-criadas excursões (em dia sem jogo) ao Estádio do Restelo, como quem vai ao parque arqueológico de Foz-Côa.

16h00 – Cerca de 600 (seiscentos) fieis e seus 200 (duzentos) acompanhantes perfilam-se para a entrada das equipas. A romaria concretiza-se na sua plenitude (isto nunca estará melhor) com os 150 convidados dispostos, barafustando de pala na testa porque está sol, pela bancada nascente inferior. Pobres e mal-agradecidos.
A verdade é que jogadores e técnicos de ambas as equipas estão ainda no túnel a aguardar a equipa de arbitragem.
Couceiro aproveita esta última oportunidade para se dirigir a José Pedro que, após afastar a trunfa com as suas unhas recém-envernizadas, ouve-o pedir-lhe para não se esquecer de dobrar os joelhos. Não percebe.

16h15 - Começa a partida com 15 minutos de atraso devido à greve de zelo (contra o fisco) dos “senhores” do apito. Povo já impaciente.
Antes, a equipa segurou uma faixa dizendo, estranhamente em latim, “Ave Cesar, moritori te salutant”. Raios e coriscos! Nunca há um dicionário no Restelo, quando precisamos de um!

16h18 - Primeiros assobios e crescente preocupação na face daqueles que caíram no erro de trazer os filhos, os sobrinhos, a mulher, a sogra, o cão e o cunhado.
- “Não filho, ah,ah,ah! Não é o Belenenses, é a equipa de apanha-bolas do Amora que veio dar uns toques na chincha.”, tenta enganar o pobre neófito
Ri nervoso. “Não queres uma queijadinha de Sintra? Prova que estão boas. Anda!”.

16h30 – Após três anteriores ameaças, o Paços de Ferreira, espeta-nos o primeiro “Sofá de Sala com 5 lugares (em L) e suporte de pernas”.
15 minutos desde o início do jogo. Existe a alternativa da frente fria soprar afinal de Nordeste (não é garantido na previsão obtida) e ser um auto-golo ou uma falha de um dos nossos nervosos “apanha-bolas”. Estrela revisitado.

16h50 - (dez minutos para o intervalo) "Deverei sair já ao intervalo?" será o pensamento na mente justamente preocupada dos já mencionados às 16h18.

17h00 - Estava o apitador a inspirar o ar que sopraria imediatamente a anunciar de fim de primeira parte quando chega o segundo pedaço de mobília. Desta vez uma imitação de cama Luís XV com entalhes dourados especialmente envelhecidos. Um bocado amaricado, mas mesmo assim o 0-2.

17h05 - Resignados os pais de família e convencidos os petizes que só não perceberam porque raio levaram cachecol para uma visita com jogo de apanha-bolas, abandonam o recinto. Pai desculpa lágrimas com vento frio nos olhos.

17h20 <= T <= 18h05 - Começa a segunda parte.
Furiosos resistentes assistem às patéticas tentativas dos apanha-bolas de azul desmaiado em virar o resultado imposto pelos amarelo-canário.
Não sem que várias outras peças de mobília passem a centímetros das nossas cabeças.

17h35 - (60’) Sai José Pedro e entra Pinheiro.

18h00 - (85’) Sai Silas e entra Romeu.

18h09 - Fim de treino.

18h11 - Na nossa bola de cristal apenas vislumbramos alguém a terminar um comentário em flash interview e que termina assim: “.... demos 90 minutos de avanço”.
Ficam a faltar 19 jogos e 26 pontos.

18h20 - Recuso-me a relatar o que prevejo para o exterior do Estádio.

Um pensamento transversal não me abandona: Pai Nosso: PERDÃO!!!


PS: Quem me dera que esta previsão “meteorológica” (mais lógica que meteórica) se revele errada e que afinal a vitória guerreira contra o Nacional se repita e a sua atitude progenitora também. Oxalá esteja errada como na maior parte das vezes as reais previsões meteorológicas estão.
Era sinal que nos enganávamos a todos mais uma vez e podíamos dormir mais uma noitinha descansados enquanto sonhavamos com a “Europa” de novo. Refiro-me à lua de Júpiter, evidentemente.

PS2: Como alguém dizia... “rio para não chorar