domingo, 26 de março de 2006

Neste dia, em . . .

1922 – Vice Campeão de Lisboa em Futebol (pela 2ª vez). Último jogo de Artur José Pereira, Fundador do Clube

As manobras pouco claras no futebol português têm uma longa história... Com a chegada do Belenenses, os (outros) mais poderosos tremeram. Poderes dirigentes e imprensa assestaram baterias contra nós. Na época de 1921/22, numa manobra insólita, a Associação de futebol de Lisboa deliberou que os clubes mais antigos (Benfica, Sporting, Império e Clube Internacional de Lisboa) disputassem a 1ª Divisão do Campeonato lisboeta, relegando, na “secretaria”, o Belenenses, o Vitória de Setúbal, o Carcavelinhos e o Casa Pia para a 2ª Divisão. Incrível mas verdadeiro!

No entanto, os promotores desta insólita decisão deixaram uma fuga: o primeiro classificado da 2ª divisão defrontaria o último da 1ª divisão e, se vencesse, discutiria o título de Campeão de Lisboa com o vencedor da 1ª Divisão. Caso contrário, este seria logo proclamado campeão.

Ora, o Belenenses venceu a II Divisão, contando por vitórias os jogos disputados: 2-0 e 2-0 ao Vitória de Setúbal; 3-2 e 1-0 ao Casa Pia; 3-0 e 6-2 ao Carcavelinhos. Defrontou, depois, o último (ou 4º classificado da I Divisão), o Império, e ganhou por 4-1.

Garantiu então a oportunidade de defrontar o Sporting em jogo para decidir o Campeão de Lisboa. O jogo, que despertou enorme entusiasmo, teve lugar no Estádio do Lumiar, completamente cheio. O Belenenses era unanimemente considerado favorito.

Apesar da rivalidade entre os dois clubes, houve lugar, no início, a gestos de grande desportivismo. Os presidentes do Belenenses e do Sporting, respectivamente, Eng.º Reis Gonçalves e Manuel Garcia Carabe, trocaram ramos de flores, enquanto os dois capitães de equipa, o nosso Artur José Pereira e António Stromp, velhos amigos se abraçavam.

Isto em nada impediu que o jogo fosse arduamente disputado. O Belenenses perdeu por 2-0, penalizado por uma arbitragem bárbara, que expulsou injustamente o nosso jogador Joaquim Rio e nos assinalou duas grandes penalidades, uma delas totalmente inexistente e a outra bastante duvidosa.

Cabe aqui referir, porque os gestos honrados, venham de quem vier, merecem sempre respeito, a atitude do capitão sportinguista, Francisco Stromp, que se empenhou em que o nosso Joaquim Rio pudesse voltar ao jogo, dada a injustiça da sua expulsão. De resto, Francisco Stromp foi uma figura notável, que nos merece todo o respeito, até pela sua morte trágica, por suicídio, ao saber que estava a ser minado por doença que já atingira o seu irmão. A rivalidade que sentimos contra o Benfica e o Sporting, e as atitudes de grande hostilidade que, por diversas vezes, tiveram conta nós, não nos cega a ponto de reconhecer as pessoas de bem que igualmente existem nesses (como nos restantes clubes) ou de elogiar figuras humanas da talha de Félix Bermudes (Benfica) ou Francisco Stromp (Sporting).

Cabe aqui, a propósito, recordar um jogo disputado anos mais tarde entre “pastéis” e “lagartos”, em que dois jogadores, cada um do seu clube, andavam “picados”. Então, ambos os capitães de equipa se reuniram e puseram fora de campo o respectivo colega mais exaltado. Nesta história, que ouvimos contar há muitos anos, só não nos lembramos se o nosso capitão era Augusto Silva ou Mariano Amaro – talvez algum leitor atento o possa esclarecer.

O Belenenses alinhou com a seguinte equipa: Mário Duarte; Eduardo Azevedo e J. Morais; Alfredo Anacleto, Artur José Pereira e Francisco Pereira; Fernando António, Francisco Ferreira, Joaquim Almeida, Joaquim Rio e Alberto Rio.

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Este foi o jogo de despedida do nosso ilustre fundador Artur José Pereira. Um quarto de século depois continuava a ser considerado o melhor jogador português de todos os tempos. Ele teria gostado de terminar a carreira como jogador com um Campeonato ganho com a camisola do Belenenses. Não o conseguiu como jogador, alcançou-o como treinador: nesta função, levou a nossa equipa à conquista de 3 Campeonatos de Portugal e 4 Campeonatos de Lisboa.

Deixamos a pergunta: como veria Artur José Pereira o Belenenses dos últimos anos? Entre as vários modelos e opções em discussão para o nosso clube, quais seriam os que ele preconizaria?



2005 – Carlos Gaspar e Diogo Trindade sagram-se Campeões da Europa em Râguebi na Selecção Nacional de sub-18

Os jovens jogadores Carlos Gaspar, Miguel Onofre e Diogo Trindade haviam sido chamados ao estágio da selecção nacional de Sub-18, que serviu de preparação para o Campeonato da Europa.

A França, onde decorreu a competição, mais concretamente a Lille, chegaram apenas Carlos Gaspar e Diogo Trindade. Foi um percurso exemplar da Selecção Nacional na competição.

Na final, com a Bélgica, a Selecção chegou a estar em desvantagem, ao intervalo, por três pontos (3–6). No entanto e fruto da qualidade que lhe é reconhecida e com o contributo dos jogadores Belenenses, a Selecção Nacional viria dar a volta ao resultado, concluindo o encontro com 18–12 e conquistando o título de Campeões da Europa Sub-18.



2005 – Ao segundo ano de actividade, o Futsal atinge Final-Four da Taça de Portugal

Jornada épica a vivida neste dia no Pavilhão Acácio Rosa, que parecia que vinha abaixo tal o empolgamento e emoção com que se viveu esta partida, cheia de voltas e revoltas no marcador, sempre sob uma enorme tensão e expectativa.

O Belenenses havia eliminado nos oitavos de final, a forte formação primo-divisionária do S. L. Olivais e defrontava agora nos quartos de final e equipa do Vila Verde. A esperança era enorme.

Adiantara-se o Belenenses apenas a três minutos do intervalo, num golo de Nuno Monteiro (Canina) já depois de bastantes oportunidades falhadas, muito devido ao nervosismo.

A equipa de Vila Verde viria a lograr o empate no minuto 10 da segunda parte na sequência de um rapidíssimo contra-ataque que se sucedeu a uma flagrante oportunidade de chegar ao 2-0, falhada pelo Belenenses.

A instabilidade tomou, então, conta dos “Conquistadores” e o 1-2 ocorreria apenas dois minutos volvidos. O Pavilhão ficou estarrecido.

O Belenenses recuperou a postura e, a cinco minutos do final da partida, Pacheco restabeleceria a igualdade a duas bolas.

Numa ponta final alucinante e na sequência da sexta falta cometida pelos visitantes, Serrinha, de livre directo, não perdoou e colocou o Belenenses a vencer por 3-2. E pensou-se que estava tudo resolvido. Puro engano.

Faltava apenas jogar 1’16’’ e uma desconcentração na defesa de um livre recolocava a igualdade no marcador. O prolongamento era eminente.
Com tão pouco tempo para jogar, o Belenenses entrou com tudo e num ataque rapidíssimo provocou um novo livre de dez metros a castigar nova falta da defesa de Vila Verde. Era tudo ou nada!

Serrinha foi de novo encarregado da marcação.
O Pavilhão exultava em apoio da equipa.
Um barulho ensurdecedor.
Serrinha parte para a bola e marca o 4-3.

Foram os mais longos 45 segundos do Futsal do Belenenses até então.
Ao apito final do árbitro, todo o Pavilhão explodiu de imensa alegria. Consumava-se a passagem à Final-Four (que seria disputada em Guimarães) e em que o Belenenses seria a única equipa que não da Primeira Divisão Nacional.

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Fantástico percurso de uma equipa iniciada na Terceira Divisão Nacional em 2003/04, e que se sagraria Campeã da mesma, continuando o percurso vitorioso e Campeão também da Segunda Divisão até alcançar a primeira divisão no ano seguinte.