1- Fazer uma mobilização de adeptos numa cidade cosmopolita, não é fácil. Numa época de comoção, o Sporting não teve mais que cem adeptos em Alcochete. O V.Guimarães, com muito menos adeptos, teve um número muito superior.
2- Qualquer comparação com o V.Guimarães, clube cujos adeptos se concentram (densamente) numa cidade e num concelho, e onde, por fenómeno bairrista, é fácil gerar-se um movimento/festa, não tem sentido. A comparação, a haver, será com os 100 do Sporting.
3- De resto, esta movimentação não apareceu nos jornais, pelo que a sua repercussão não pode ir além das escassas pessoas junto de quem foi divulgada.
4- Fruto de uma política de anos a ressequir a alma do clube (por acção e omissão), ou de episódios como os do jogo com o Braga há 2 anos e de tantas outras situações, retiraram-nos a capacidade e a vontade de nos galvanizar (O Pelé, etc. que pense nisto antes de dizer coisas).
5- Vou estar, como dissse, gostaria que fossemos bastante mas recuso liminarmente a ideia de que nisto haja um apoio à direcção ou à equipa. Não também não digo que seja o contrário. Só pode ser vista como de apoio ao Belenenses, havendo adeptos com entendimentos distintos e até contrários quanto ao futuro ou quanto às causas da péssima situação em que estamos.
6- O apoio dos adeptos pode ajudar, é um valor que me é caro e comove, mas não compensa os treinos que não se fazem. A minha presença é também para exigir toda uma outra postura. Onze como eu poderiam ser apoiados por um milhão de adeptos, que não ganharíamos ao Milão ou ao Chelsea.
7- Para mim, não há, nem poderá haver desculpas para não se treinar a sério nem para o discurso derrotista e conformista com que Couceiro surgiu no Belenenses.
8- Mutatis mutandi, o que se aplica ao treino de amanhã, aplica-se ao jogo de 2ª feira.
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Nos blogs e mailing list do Belenenses circula um movimento para, no Sábado de manhã, às 10h, se ir ao treino da equipa de futebol exigir que honrem a camisola e, simultaneamente, para compor o Estádio de Restelo de público azul para a importante recepção ao Braga.
Não se sabe exactamente onde ou quem começou este movimento. E ainda bem. Não sendo de ninguém, pode ser de todos. Que ninguém tire dividendos abusivos do seu sucesso ou insucesso!
Por mim vou. E acho que devíamos ir muitos.
Devíamos ir, no Sábado, vencendo o comodismo ou o snobismo. Devíamos ir, sem arruaças nem comportamentos indignos, mas mostrando que o Belenenses vive, através de nós, e exige que se honre o nosso símbolo e a nossa camisola. Devíamos ir, não contra ninguém nem a favor de ninguém (o que cada um de nós defende para o clube, é outra questão) mas apenas e só pelo Belenenses. Pelo orgulho de ser Belenenses. Para lutarmos pelo nosso clube.
Eu vou. Apesar de saber que muitos preferirão a indiferença, o comodismo ou o snobismo, eu vou. Apesar de saber que há problemas radicais que terão que se resolver noutros contextos, eu vou. Porque não quero ver o meu clube enterrar-se sem eu estar lá, fazendo o que agora é possível, eu vou.
A nossa presença seria um sinal de que estamos vivos e que temos toda a legitimidade para exigir respeito e defesa intransigente de um clube com quase 90 anos de uma história imensa, construídos com sangue, suor e lágrimas de gerações de belenenses; de um clube que era conhecido no mundo muito antes dos nossos profissionais terem nascido; de um clube que é uma honra – e não um frete ou um favor – servir orgulhosamente e com todas as forças.
Pelas mesmas razões, estarei, como sempre, e acho que o máximo de belenenses devem estar 2ª feira, no jogo contra o Braga. Apoiando no início e durante o jogo. Festejando ou mostrando o nosso descontentamento no final.
Eu vou. Seria incapaz de não ir. É a existência do Belenenses que está em causa. Não é a favor de nenhuma pessoa ou nenhum grupo. Não é contra nenhuma pessoa ou nenhum grupo. É pelo Belenenses, e só pelo Belenenses, que vou, que devíamos ir. Todos!
Nota: Como é óbvio, cada um de nós que diz que vai, entusiasma outro a ir; e cada um de nós que se abstém, tira a outros o entusiasmo de ir.