1937 – Inauguração do arrelvamento do Estádio das Salésias.
Nesta data, o Belenenses, em termos de instalações, colocava-se na vanguarda de todos os clubes portugueses. Tal como foi o primeiro a ter um Estádio com uma bancada coberta e de pedra, e a ter um campo de treinos, o Belenenses fazia das Salésias – Estádio José Manuel Soares, Pepe – o primeiro campo relvado de Portugal. Era Presidente da Direcção Francisco Mega.
Para assinalar a inauguração, o Belenenses recebeu e venceu o Benfica por 1-0 (a imagem refere-se a esse jogo).
O Estádio do Belenenses passou então a ser, naturalmente, aquele em que a Selecção Nacional jogava, até à inauguração do Estádio Nacional, em 1944.
Talvez possamos apreciar melhor o fôlego da obra dos belenenses, se dissermos que quinze anos depois, o campo do Benfica, a famosa serração de madeira – que lhe fora cedida pelo Sporting, note-se; tão rivais e... -, além de ter bancadas de madeira, ainda era pelado.
Claro que estes factos não são ecoados pela comunicação social, sempre prazenteira a decantar aos setes ventos tudo o que engrandeça o Benfica mas silenciosa quanto a outras realidades.
Como, então, o descobrimos? Talvez valha a pena contar a história.
Azevedo, que representou o Sporting nos anos 40 e 50, foi um dos maiores guarda-redes portugueses de sempre. A sua carreira como dono da baliza dos leões acabou em 23 de Setembro de 1951, às mãos – ou às botas... – dos jogadores do Belenenses e, especialmente, de Matateu. Na estreia oficial deste último, que marcou os dois golos decisivos, o Belenenses venceu o Sporting por 4-1, na primeira jornada do Campeonato de 1951/52. Lembremos que o Sporting vinha de conquistar a sua famosa série de quatro Campeonatos seguidos. A Azevedo, sucedeu outro gigante, Carlos Gomes de que, curiosamente falaremos já no próximo apontamento deste dia.
Na época seguinte, 1952/53, Azevedo passou, então, a representar o Oriental. Há dias, um jornal desportivo publicou uma imagem sua, com a camisola do Oriental, a actuar num jogo disputado no campo do Benfica. E as imagens são claras: o campo era pelado.
Estávamos em 1952 ou 1953. Em 1937, as nossas Salésias já eram relvadas...
1955 – Belenenses perde campeonato a 4 minutos do final do último jogo
O DIA EM QUE BELÉM CHOROU
(ante-scriptum: Este episódio é só nosso, muito nosso e só nosso. Por favor, poupem-me aos exercícios masoquistas de “O Corunha também falhou um penalty no último minuto e se marcasse ganhava o campeonato mas falhou”. A situação é diferente. Nós tínhamos o Campeonato ganho e escapou-se-nos; o Corunha tinha o campeonato perdido, caiu-lhe a hipótese de o ganhar, e não o aproveitou. A Belém o que é de Belém!)
As ruas de Belém – de Belém e da Ajuda, particularmente as contíguas ao Estádio das Salésias – haviam-se coberto, tinham-se engalanado de bandeiras, de colchas, de flores, e de símbolos e cores azuis para o que deveria ser a festa do segundo título de Campeão Nacional do Belenenses (a acrescer aos 3 títulos de CA,mpeão de Portugal, que não podem ser esquecidos, apesar de o Sistema o fazer!).
Mas, fatidicamente, aquele fim de tarde de um Domingo no fim de Abril de 1955 haveria de terminar não na festa sonhada e merecida mas num mar de lágrimas... o dia em que Belém se encheu de lágrimas!
Por ironia do destino, foi a segunda vez que Belém assim chorou de tristeza, revolta e impotência, e a primeira fora 24 anos antes, com a morte daquele com cujo nome, justamente, se baptizou o Estádio das Salésias, onde se viveu o drama daquele 24 de Abril de 1955: José Manuel Soares “Pepe”.
Infelizmente, muitos dos que presenciaram aquele acontecimento já não estão entre nós e, portanto, (já) não há assim tantos que tenham assistido ao vivo e que, portanto, conservem na memória, tanto a dos sentidos como a da alma, o que nós só podemos imaginar, com o que nos contaram, com o que lemos.
Mas... tentemos, sim, imaginar, tentemos situar-nos nessa tarde.
Faltam quatro minutos – só quatro minutos! – para terminar o último jogo desse Campeonato Nacional; o Belenenses está a ganhar 2-1 ao Sporting, essa vitória assegura-lhe o título, os verdes estão praticamente conformados, os jogadores da camisola azul com a Cruz de Cristo trocam a bola entre si, guardam-na (sobretudo o mestre Di Pace, exímio nisso, com a sua fina técnica), esperando o apito final do árbitro. O Belenenses parecia irresistível: depois de um mau começo de campeonato, uma arrancada extraordinária, uma grande sucessão de vitórias, a chegada ao primeiro lugar, a sua manutenção, a vitória no último jogo, frente a um rival forte, mais um título, a reafirmação da grandeza, da força, da alma belenense...
E imaginemos, porque é assim que nos contam: as ruas cheias de flores, bandeiras e colchas nas janelas e nas sacadas, em sinal de apoio, o clamor “Belém! Belém! Belém!” (sempre o nosso grito de guerra, seja em raiva ou em triunfo), os chapéus que se atiram ao ar em sinal de júbilo, os abraços que se trocam, os foguetes que estalam à volta do estádio... E de repente, sem que nada o fizesse esperar, numa jogada inverosímil, o Sporting empata, e oferece o título ao Benfica... e os corações azuis estilhaçados, pelo menos dilacerados, com a força do destino que nos atingiu tão duramente, como nunca fizera, nem voltou a fazer, a nenhum outro clube português!
O Belenenses não começara bem o campeonato e, à sétima jornada, já estava a cinco pontos do Benfica. Após uma reaproximação, perdeu à 12ª jornada com o Braga, em casa, ficando a quatro pontos do líder Benfica, e a três do Sporting e do Braga (e, já agora, com um ponto de vantagem sobre o F.C.Porto).
Então, começa a cavalgada belenense, com vitórias seguidas, ambas fora, sobre o Sporting (2-1) e sobre o Porto (1-0), na última jornada da primeira volta e na primeira da segunda volta. Até ao final, foram 14 jogos seguidos sem perder, com apenas três empates, incluindo o do último jogo, e também o que disputou no recém-inaugurado Estádio da Luz (0-0), à 20ª jornada.
O Belenenses alcançou a liderança à 23ª jornada, vencendo o Sporting da Covilhã por 4-0 enquanto o Benfica perdia por 3-0 com o F.C.Porto. Nas 24ª e 25ª jornadas, com vitórias sobre o Lusitano de Évora (2-0, em casa) e sobre o Braga (3-2, fora), o Belém manteve a liderança.
(Fica aqui a relação completa dos resultados desse campeonato, na sua sequência:
Belenenses, 1 – F.C. Porto, 0;
Barreirense, 1 – Belenenses, 0;
Belenenses, 6 – Académica, 2;
Atlético, 2 – Belenenses, 2;
Belenenses, 1 – V. Setúbal, 2;
V.Guimarães, 1 – Belenenses, 3;
Belenenses, 1 – Benfica, 2;
Boavista, 1 – Belenenses, 1;
Belenenses, 4 – CUF, 1;
Covilhã, 1 – Belenenses, 2;
Lusitano de Évora, 1 – Belenenses, 2;
Belenenses, 2 – Braga, 3;
Sporting, 1 – Belenenses, 2;
F.C. Porto, 0 – Belenenses, 1;
Belenenses, 3 – Barreirense, 0;
Académica, 2 – Belenenses, 2;
Belenenses, 5 – Atlético, 2;
V.Setúbal, 0 – Belenenses, 1;
Belenenses, 3, V.Guimarães, 0;
Benfica, 0 – Belenenses, 0;
Belenenses, 6 – Boavista, 0;
CUF, 2 – Belenenses, 4;
Belenenses, 4 – Covilhã, 0;
Belenenses, 2 – Lusitano de Évora, 0;
Braga, 2 – Belenenses, 3...
e, por fim, o fatídico: Belenenses, 2 – Sporting – 2).
Assim, à entrada da 26ª e última jornada, o Belenenses estava em primeiro lugar com 38 pontos, o Benfica vinha a seguir com 37, o Sporting ocupa o terceiro lugar com 36. Só o Belém dependia de si próprio para ser campeão. Sê-lo-ia ganhando ao Sporting, ou até empatando, caso o Benfica, na Luz, não ganhasse ao Atlético. O Benfica dependia do resultado do Belenenses. Poderia ser campeão se, nessa última jornada, o Belenenses perdesse e eles empatassem ou se, como aconteceu, ganhassem e o Belenenses empatasse. O Sporting ainda tinha hipóteses mas muito remotas e dependentes dos outros dois. Para conquistar o título, teria que combinar dois factores: ganhar ao Belenenses e esperar que o Benfica perdesse.
E como foi essa última jornada? O Benfica ganhou ao Atlético por 3-0 mas convencido de que tal vitória de nada lhe valia (na altura, quase não havia transístores portáteis para ouvir os relatos). Porque, entretanto, o que se passava no Estádio José Manuel Soares Pepe (Salésias)? Vamos relatar o essencial, entremeando com alguns excertos do artigo escrito, no dia seguinte ao deste jogo, por Vítor Santos, no jornal “A Bola”.
O jogo começou às 16 horas. Vítor Santos chegou às Salésias uma hora e meia antes do jogo, e contou:
“
“... o campo, sobretudo do lado do peão, estava já quase cheio. Pairava no ar um sussurro infernal, misto de alegria e expectativa. No rosto dos adeptos do Belenenses lia-se a confiança na vitória...
De todos os lados continuavam a afluir vagas sucessivas de gente, que vinha engrossar esse mar imenso de cabeças e bandeiras que emoldurava em grande gala o Estádio das Salésias.
(...)
15:57 – O Estádio tremeu e viveu numa prolongada onda de aplausos durante alguns segundos – talvez minutos – quando os rapazes da camisola azul subiram as escadas de acesso ao terreno.
No ar estrelejaram foguetes e rebentaram potentes morteiros, a anunciar a todo o bairro que ia começar a grande festa de Belém”.
O jogo começou da melhor maneira para nós. Logo aos 2 minutos, Perez marcou para o Belenenses, após centro de Dimas.
Escreveu Vítor Santos: “16:02 – Uma avançada, duas avançadas e, calmamente, Perez faz anichar a bola no fim das redes de Carlos Gomes.
Verdadeiro momento de loucura colectiva, assinalado ruidosamente com foguetes, morteiros, chocalhos e toda a espécie de instrumentos de fazer barulho!
Em todo o campo, os sócios e simpatizantes do clube, lágrimas nos olhos, abraçavam-se. No próprio camarote da Direcção, o contentamento era bem visível.
No campo, Perez, o autor do golo desaparecia no meio dos seus companheiros, tal era o desejo de todos em querer abraçar o ‘herói’ do momento. Alegria nas Salésias..”.
Tudo bem encaminhado… até aos 17 minutos: Penalty contra o Belenenses por alegada mão (muito duvidosa; o nosso Carlos Silva afirma claramente que o lance foi acidental – ver gravura) e o empate para o Sporting.
Aos 31 minutos, o primeiro caso do jogo: Di Pace bateu o guardião sportinguista mas o árbitro anula o golo por alegada mão do mestre argentino.
Aos 42 minutos, regressa a alegria: Matateu, de cabeça, após novo centro de Dimas, volta a pôr o Belenenses a ganhar por 2-1. Nova e imensa explosão de alegria nas Salésias!
Escreveu Vítor Santos: “Voltou a alegria e a esperança, que se manifestaram em aplausos sem fim, gritos de entusiasmo e abraços efusivos”. E assim se chegou ao intervalo.
Na segunda parte, mais dois ou três lances polémicos: um golo anulado ao Belenenses, uma bola que esteve dentro da baliza sportinguista (como o seu guarda-redes veio a reconhecer publicamente; ver adiante) e que o árbitro não considerou golo e ainda um eventual penalty (não assinalado) sobre Matateu. UMA VERGONHA!
O desafio corria célere para o final, e quase só se jogava no meio campo do Sporting, que não criava qualquer jogada de perigo, enquanto o Belenenses perdera já algumas oportunidades de fazer o terceiro golo.
Então, aos 86 minutos, houve um ataque do Sporting, através de um lançamento longo, um defesa do Belenenses (Figueiredo, segundo ouvi contar) terá escorregado, há um primeiro remate de um jogador do Sporting a tabelar num defesa azul e a sobrar para Martins, que empatou, apesar da tentativa desesperada de José Pereira.
Terminado o jogo, os jogadores belenenses ficaram muito tempo em campo, incrédulos, muitos banhados em lágrimas, alguns prostrados no chão, em desânimo e angústia.
E em lágrimas permaneciam ainda muitos já nas cabinas, num silêncio tremendo, enquanto o nosso treinador Fernando Riera, segundo se contou no jornal “A Bola” do dia seguinte, “bastante nervoso, media a cabina a passos largos, pontapeando de quando em vez uma hipotética bola…”.
Segundo confessou 40 anos mais tarde em entrevista ao mesmo jornal, arrependia-se de não ter feito recuar mais alguns jogadores, para segurar o resultado. E à mesma distância, dizia: “De todo o coração, digo que o Belenenses foi o meu primeiro e grande amor futebolístico”.
Fernando Riera, na sua carreira, levou o Chile a um terceiro lugar num Mundial e foi campeão e finalista da Taça dos Campeões com o Benfica. A sua declaração é, pois, muito significativa.
No lado do Sporting havia alguém que, tendo cumprido o seu dever profissional, tinha igualmente o coração despedaçado, porque era o azul de Belém que ele amava: D. Alejandro Scopelli, o grande jogador belenenses dos anos 30 e 40, e mais tarde, em 1972/73, o treinador que nos conduziu a um outro segundo lugar.
Após o jogo recusou-se a prestar declarações; à noite telefonou a Riera, manifestando o seu pesar. No dia seguinte, foi procurar o seu amigo belenenses Calixto Gomes e, com ar triste e abatido, pediu desculpa pelo sucedido! Três dias depois, presta então declarações públicas, ao jornal “A Bola”. E fê-lo nestes termos, que mostram bem por que equipa, no fundo do coração, ele realmente torcia:
“A minha opinião é a de que o Belenenses adoptou o melhor sistema para a sua equipa. A prová-lo está o facto de a sua baliza não ter, verdadeiramente, passado por momentos de grande perigo. O golo de Martins saiu duma jogada confusa. Com a vantagem de 2-1, os jogadores do Belenenses cobriram bem a bola e lançaram bons contra-ataques que poderiam ter dado, sem favor, outro golo. Creio, sinceramente, que o plano do jogo era o melhor e se o resultado tivesse terminado 2-1, como podia ter acabado, todos agora elogiariam o sistema”.
E, a terminar, foi ainda mais claro: “Falei como profissional. Agora, no aspecto sentimental, confesso que o resultado não foi o melhor e lamento muito que o Belenenses, que tinha feito o bastante para ser campeão, não tenha conseguido o seu objectivo”. Alejandro Scopelli, um belenenses eterno!
É impossível não pensar como teria sido o futuro do Belenenses se não tivesse havido aquele acidente. Foi numa altura crucial e, por isso mesmo, muito má: pouco depois consumar-se-ia o abandono das Salésias, em que tanto se investira em termos de dinheiro, de esforço e de coração, abandono arbitrariamente imposto por um alegado plano de urbanização que nunca se efectivou; construiu-se, a partir de uma pedreira, o Estádio do Restelo (que valorizou todo o espaço circundante, o qual passou a ser zona de luxo, valorizando/inflaccionando em flecha os terrenos, com que a Câmara fez ricos negócios de venda), e tudo o que se investiu no novo estádio deixou o clube com uma dívida enorme que se tornou galopante, com terríveis consequências; estava a chegar a época do verdadeiro profissionalismo, ainda que não tão “feroz” como o de hoje; em breve viriam as competições europeias, com toda a projecção que trouxeram aos clubes que nelas podiam brilhar, situação que o Belenenses não teve condições de aproveitar.
Se tivesse ganho esse título, haveria um Belenenses mais forte para enfrentar todos esses desafios, para continuar a ombrear lado a lado nas compitas com os seus rivais tradicionais, especialmente os de Lisboa, isto é, o Benfica e o Sporting.
Repare-se que se tivesse ganho aquele título, o Belenenses passaria a ter duas vitórias num total de 17 campeonatos, ficando o Benfica com quatro, o Sporting com nove e o F.C.Porto também com dois (se não considerarmos as quatro edições experimentais da I Liga, com três títulos do Benfica e um do Porto): um manifesto equilíbrio, embora com o Sporting, então, destacado.
E quem pode dizer o que seria o futuro do Benfica que, desde 1944-45, só tinha sido campeão em 1949-50, indo os restantes campeonatos para o Sporting e o Belenenses?
Tudo indica, pois, que hoje teríamos um Belenenses com mais força, com mais sócios e simpatizantes (porque, queiramos ou não, mesmo num clube como o Belenenses, são as vitórias que trazem mais adeptos...), com mais títulos no seu palmarés. Em contrapartida, não teríamos nos nossos anais esse episódio tão único, simultaneamente tão triste e tão belo, que afinal também faz parte da caracterização do Belenenses; nem teríamos talvez este tão entranhado sentimento de amor feito de resistência, porque muito da nossa história é um combate pela sobrevivência, contra as adversidades de todo o género.
Como escreveu um dia, num belo editorial, Alexandre Pais, ao tempo director do Jornal do Belenenses:
“O evitar do cataclismo tem sido o milagre permanente deste clube nobre e atormentado, tantas vezes infeliz”…
Entretanto... 50 anos depois (mais vale tarde que nunca...), ficou claro que não foi apenas o infortúnio mas erro(s) da arbitragem que tirou aquele título ao Belenenses.
No jornal “A Bola” de 23 de Outubro de 2004, o guarda redes sportinguista naquele jogo, o grande Carlos Gomes, veio afirmar de modo inequívoco que num dos lances polémicos (que faria 3-1 para o Belenenses), a bola esteve mesmo dentro da sua baliza, claramente, pelo menos 25 centímetros (“mais de um palmo”, segundo Carlos Gomes; “quase meio metro”, segundo Carlos Silva) além da linha. Só que o árbitro não viu (?).
E assim se foi um título... com situações branqueadas durante cinquenta anos!
O Belenenses precisa de reajustar as suas contas com a história e, por respeito a todos os que choraram nesse dia, e pelos que se comoveram, pelos anos fora, com esta história bela e dramática – tão nossa e tão única – deve a si mesmo...
VOLTAR A SER CAMPEÃO!
Post-Scriptum: segundo o que ouvi contar, o árbitro era cunhado de um dirigente do Benfica.