1982 – Pavilhão registado na Conservatória do Registo Predial, após fim do diferendo com a Câmara Municipal de Lisboa
O Pavilhão Gimnodesportivo, actualmente designado Acácio Rosa, foi inaugurado a 5 de Outubro de 1977.
Apenas quatro dias após a inauguração, a Câmara Municipal de Lisboa viria embargar a obra a pretexto da conservação da Capela do Santo Cristo e por razões de ordem paisagística. Argumento risível para usar contra um Clube que tornou uma zona de pedreira e perdida para o urbanismo numa das mais apetecíveis em termos da construcão imobiliária.
É de referir que a referida Capela fora desenterrada durante as obras de construção do Pavilhão e sem estas permaneceria esquecida por todos como até aí.
No Belenenses e nesta luta, emergiu então o director António Sequeira Nunes, que se destacou na pugna pela existência do Pavilhão.
Valemo-nos então dos relatos de Acácio Rosa. Numa importante Assembleia-Geral convocada a propósito deste problema, Sequeira Nunes declararia:
“Isto treme mas não cai! (...) Esta é a situação mais complexa e mais grave que o Clube jamais atravessou, mas nós temos confiança, nós não cederemos, porque isto treme, é verdade, mas não cai, já que é grande a força da nossa razão. (...)
Não acredito, por ser mau de mais, que a Câmara, através dos seus seus orgãos máximos, tente tirar-nos ou destruir o que é nosso. Até já nos ameaçaram de destruir o Pavilhão com bulldozers, quando, em piores circunstâncias e sem conhecimento da C. M. L., outros pavilhões existem.
Mas o Belenenses teve a infelicidade de ter um Presidente Honorário ligado à anterior situação política e daí toca a destruir todo o trabalho feito.
(...)
Isto treme mas não cai! (...)”
Aqui cabe-nos acrescentar algo. É que se as referências políticas podem ser enganadoras, não há como equilibrar com as referências ao que passámos antes da alteração da referida situação política.
Não custa muito a lembrar, especialmente para quem acompanha estes apontamentos históricos, a situações como a expulsão das Salésias e aos problemas em encontrar o local para a construcção do novo estádio, bem como tudo o que se passou no início dos anos sessenta e que obrigou ao resgate do Estádio.
Por tudo isto, tentar associar o sucesso do Belenenses a benefícios recebidos por colagem ao antigo regime (pré 25 de Abril de 1974) é tão estúpido como impreciso e falso. Normalmente é argumento utilizado por adeptos daqueles clubes que, esses sim, foram e ainda são os verdadeiros beneficiados pelo anterior e pelo actual regime. Para que não haja dúvidas, referimo-nos a Benfica e Sporting e, mais recentemente, F.C. Porto.
Peculiar país, este.
Mas, continuando a citar Sequeira Nunes:
“Não se pode ceder nem mais um passo (...)
O Presidente da Câmara, se vier com os «buldozeres» nós cá estaremos à espera deles!”
Para onde foi toda esta capacidade reivindicativa?
Desta Assembleia resultou a rejeição da atitude da Câmara. Uma outra realizar-se-ia em que seria aprovada uma moção em que o Belenenses rejeitaria frontalmente os propósitos da Câmara. Nesta nova Assembleia-Geral, foi constituída uma Comissão de Sócios para, junto da Câmara, “defender os interesses do Belenenses e obter a solução digna e justa para o diferendo”.
Em virtude de tal movimento, finalmente a Câmara vem a ceder e aceita considerar o Pavilhão como parte do complexo desportivo e a ser utilizado (como inicialmente previsto) pelo Belenenses até final do contrato, em 1998. Ficara ainda estabelecido que, caso a Câmara não pretendesse então renovar o contrato, esta seria obrigada a indemnizar o Belenenses.
Assim, a 30 de Abril de 1982 e nestas condições, foi lavrada a escritura e registado o Pavilhão na Conservatória do Registo Predial.
O Pavilhão era finalmente NOSSO!