segunda-feira, 17 de abril de 2006

Os bons, os maus e os nem por isso

Ora cá vai mais um prato de comida fria, daqueles que agora sirvo às segundas feiras. Este é relativamente leve, como convém a petisco destinado a ser saboreado a seguir às comezanas da Páscoa. Corre o risco de estar em cima do prazo de validade, já que foi escrito com mais de uma semana de antecedência em relação à data de publicação e, pior ainda, os seus ingredientes ainda são mais antigos. Se quiserem, podem levar ao microondas.

Para a sua confecção empreguei dois ingredientes que, aparentemente, nada têm a ver com o nosso Clube. No entanto, como se tentará demonstrar adiante, infelizmente têm.

O primeiro, colhi-o num programa de rádio de que sou fraco consumidor – a célebre “Bancada Central” da TSF. Apesar de raramente sintonizar este programa (que não a emissora), sempre que o faço tenho azar. Desta vez, cometi a asneira de o fazer no dia em que lá se comentava o incontornável tema nacional que foi o Barcelona-benfica. Foi então que apareceu um senhor que iniciou a sua intervenção com esta frase lapidar (que até me custa a reproduzir aqui): “Eu sou sócio do Belenenses, mas o meu coração está sempre com o benfica !!!” (sic). Seguiu-se uma lamentação dilacerante da desgraça ocorrida, com o senhor a falar na primeira pessoa do plural sobre a “nossa” equipa (os lampeões), o “nosso” treinador (Koeman, é assim que se escreve?), etc. Não acrescento quaisquer comentários.

O segundo, veio impresso em papel (ver iamgem seguinte), na edição do Diário de Notícias do dia 8 de Abril de 2006. A figura, e o texto nela contido, falam por si. Também sem mais comentários.


Estes documentos têm a importância que têm, mas ultrapassam-na em muito no que respeita ao seu significado. É a imagem do Clube, um pedaço da sua alma, os nossos próprios sentimentos como belenenses, que são enxovalhados em praça pública sem qualquer pudor e com toda a impunidade.

Já não é a primeira vez que se fala de sócios do Belenenses “por conveniência”, desde os “piscineiros” aos utilizadores de outros serviços, passando pelos moradores nas proximidades do Restelo, a quem dá jeito, por razões diversas, serem sócios mesmo sem terem qualquer ligação emocional ao Clube. Quero acreditar ser o caso do senhor que telefonou para a TSF. Seja como for, prestou um péssimo serviço ao Clube, lesando o seu bom nome e denegrindo a sua imagem. À luz dos actuais Estatutos do Clube de Futebol “Os Belenenses” (Cap. V, Secção Qaurta) é motivo para processo disciplinar, que cabe ao Conselho Fiscal e Disciplinar instaurar. O referido “sócio” identificou-se pelo seu nome, pelo que este Órgão Social deveria actuar em conformidade com os Estatutos. Tanto quanto sei não o fez, nem acredito que o venha a fazer.

No caso de Couceiro a situação é diferente, embora não menos grave. Couceiro é um trabalhador do Clube e recebe o seu salário para executar as funções que o Clube lhe atribuíu. Como cidadão, tem toda a liberdade de ser adepto do Belenenses, do sporting ou do Rebenta Canelas. O que não pode fazer é, na qualidade de titular de um cargo no Clube, utilizar o nome deste para fazer declarações que apenas dizem respeito às suas opções pessoais. Neste caso, não só os Estatutos do Clube como as leis gerais em vigor para os contratos de trabalho, prevêem normas cuja violação é também passível de processo disciplinar. Aqui, como no caso anterior, também não acredito que algo venha a ser feito.

Enfim, continuamos a ser o Clube mais simpático do mundo. Para os bons, para os maus e para os nem por isso. O que é preciso é ir andando, ninguém sabe é para onde...

Numa altura em que tanto se fala em recuperar adeptos para o Clube e no ressurgimento da sua IMAGEM, é difícil aceitar que estas infracções passem impunes. Como é que se vai restaurar a imagem do Belenenses? Com borlas não é, certamente!

Saudações azuis.