1929 - Belenenses ganha Campeonato de Lisboa pela segunda vez
Ainda a caminho de completar dez anos de existência, o Belenenses conquistava pela segunda vez o Campeonato de Lisboa, repetindo, pois, o feito de 1926.
O ano de 1929 ficou realmente gravado a letras de ouro na história do Belenenses, pois, como veremos, à conquista do Campeonato de Lisboa, o Belenenses juntou a conquista (também pela segunda vez) do Campeonato de Portugal. Foi uma verdadeira “dobradinha”.
A sequência de resultados no campeonato lisboeta (prova de grande impacto na época) foi a seguinte:
Benfica, 2 – Belenenses, 2
Belenenses, 3 – União de Lisboa, 2
Sporting, 1 – Belenenses, 3
Belenenses, 4 – Palhavã, 0
Casa Pia 2 – Belenenses, 1
Belenenses, 7 – Bom Sucesso, 2
Carcavelinhos, 1 – Belenenses, 3
Belenenses, 6 – Benfica, 3 (dia 17 de Fevereiro de 1929)
União de Lisboa, 4 – Belenenses, 3
Belenenses, 1 – Sporting, 0 (no mesmo dia, em reservas e em terceiras categorias, o Belenenses venceu por 7-1 e 5-0, respectivamente, o mesmo adversário).
Palhavã, 2 – Belenenses, 3
Belenenses, 8 – Casa Pia, 0
Bom Sucesso, 0 – Belenenses – 8
Belenenses, 2 – Carcavelinhos, 0
O Belenenses teve o melhor ataque e a melhor defesa.
Não se pense que somente o Benfica e o Sporting eram adversários fortes. Nesta mesma época, o União de Lisboa foi vice-Campeão de Portugal; na época anterior, o Carcavelinhos fora Campeão de Portugal (coisa que, aliás, o Benfica ainda não conseguira). Estes dois clubes, mais tarde, fundiram-se e deram origem ao Atlético.
Os jogadores campeões foram os seguintes: Jerónimo Moraes, João Tomaz, Carlos Seabra, Eduardo Seabra, Alberto Bernardo, Júlio Marques, João Pedro Belo, Augusto Silva (de quem inúmeras vezes falámos nesta rubrica), César de Matos (idem), Carlos Rodrigues, Joaquim de Almeida (que tanto trabalhou para construir as Salésias), José Sá Macedo, Alfredo Ramos (outro dos seleccionados para os Jogos Olímpicos de 1928), Rodolfo Faroleiro (que viria a ser o treinador na época em que ganhámos a primeira Taça de Portugal), Francisco da Silva Marques, José Manuel Soares (o Pepe), José Luís, Heitor Nogueira, Valentim Araújo e Bernardo Soares.
Refira-se que na época seguinte, 1929/30, o Belenenses voltou a ganhar este Campeonato de Lisboa. E, assim, em 1930, nas 11 provas em que participara desde a sua fundação, o Belenenses tinha três Campeonatos, contra um do Benfica, quatro do Sporting, dois do Vitória de Setúbal e um do Casa Pia.
Já agora refira-se que, nas 28 edições do Campeonato de Lisboa em participou, desde a fundação do clube até à extinção da prova em 1946/47, os vencedores foram os seguintes: Sporting – 16; Belenenses – 6; Benfica – 3; Vitória de Setúbal – 2; Casa Pia 1.
Os triunfos do Belenenses ocorreram nas épocas de 1925/26, 1928/29, 1929/30, 1931/32, 1943/44 e 1945/46.
1968 - Belenenses vence Sporting por 4-0 para o Campeonato Nacional de Futebol
A década de 60, embora auspiciosamente iniciada com uma Taça de Portugal e uma Taça de Honra que incluiu um triunfo 5-0 sobre o Benfica, foi terrível para o Belenenses.
Mergulhado em dívidas assumidas com a construção do Estádio, depois de sermos forçados a deixar as Salésias sem as indemnizações que Benfica e Sporting receberam pelos seus antigos campos, e apertado por exigências ferozes da Câmara Municipal de Lisboa, o Belenenses via os seus grandes jogadores acabarem as carreiras – Matateu, Vicente (este, precocemente, devido a um acidente), José Pereira – e outros saírem para o Benfica e o Sporting (Yaúca, Nascimento e Peres) e não tinha meios para ir buscar substitutos à altura.
E isto aconteceu, justamente, quando os nossos rivais lisboetas, Benfica e Sporting dão imensos passos em frente, nas Taças Europeias.
Começava a luta pela sobrevivência, para resistirmos e preservar o mais possível a nossa grandeza.
Enfraquecido, o Belenenses tinha ainda a alma e os instintos de grande clube. Nos jogos com os nossos rivais, Benfica, Sporting, Porto, o Restelo inflamava-se e os nossos jogadores tinham o brio e o conhecimento do significado do clube para tudo fazerem para ganhar, assumindo a condição de jogar em casa, mesmo diante de adversários com melhores plantéis.
Por esta altura, as relações entre o Belenenses e o Sporting estavam bastante deterioradas por causa do caso “Carlitos” (cfr. 18 de Novembro) . Se havia clube que suscitasse rivalidade intensa, esse era o Sporting.
O Belenenses, pelas circunstâncias referidas, fez um campeonato medíocre – medíocre, entenda-se, para o que então o Belenenses ambicionava; ficámos em sétimo lugar.
Enquanto isso, o Sporting lutava palmo a palmo com o Benfica pelo título. Era nessa esperança que vinha jogar ao Restelo.
Nesta tarde, porém, o Belenenses assumia plenamente a sua condição de grande clube e goleou o Sporting por 4-0, fazendo rejubilar a nação azul.
Lembramo-nos que ao intervalo ganhávamos já por 3-0 e que o nosso quarto golo foi marcado por um jogador de nome Lua. E os adeptos do Belenenses sentiram-se na Lua... E, nesse dia, sentiram que a sua honra tinha sido defendida!
Outros tempos, de facto...