No âmbito de obras relevantes e que aumentaram a lotação do Estádio das Salésias com a construção de mais cinquenta metros de bancada com lugares sentados, este passou a ser o estádio de Lisboa com maior lotação de bancadas e camarotes, tornando-o o campo preferencial para a realização de encontros internacionais.
A cereja no topo do bolo destas obras de beneficiação foi então a inauguração da nova pista de atletismo, em cinza, estreada na realização do encontro universitário Madrid – Lisboa.
Esta pista, como se pode ver na figura de cima, foi o palco dos Campeonatos de Portugal, Masculinos e Femininos realizados em 1941.
2003 - Inauguração da pista sintética de atletismo no Estádio do Restelo
A única pista sintética, pertença de um clube, em Portugal, é do Belenenses. E é uma pista de atletismo sui-generis. Quanto mais não fosse pela sua cor, em tons de azul. Não é uma pista fadada para a realização de competições que tragam prestígio ao Clube, isso não é. É, sim, uma pista de treino, com seis corredores individuais, tal como era antes, desde a construção do Estádio, uma pista de cinza.
A sua construção obrigou, inclusive, ao encurtamento das dimensões do relvado, o que só é incómodo no sentido em que o maior terreno de jogo do País (e por esse atributo bastante conhecido e reconhecido, além da normal excelência do relvado) deixou de o ser. Outra desvantagem advém da sua cor, que obriga a mais aturada manutenção dado a diferente velocidade de degradação do material.
Certamente que a prática da modalidade no Belenenses e não só, dados os protocolos assinados com as Juntas de Freguesia circundantes para a utilização comunitária, terá sido melhorada. Não há propriamente ainda um resultado retumbante da aposta na formação do ateltismo, declarada na época da instalação, que o justifique. Não deixa porém de ser verdade que atletas de outras modalidades a podem utilizar.
Passando por cima destes considerandos, a pista sintética foi inaugura neste dia com grande cerimónia e com a presença de nomes sonantes do Ateletismo Belenense, nacional e mesmo mundial. Como vimos acima, exactamente 69 anos após a inauguração da pista de atletismo do Estádio José Manuel Soares «Pepe», nas saudosas Salésias.
Nomes como os das campeãs olimpicas e mundiais Rosa Mota, Aurora Cunha, do marchador e atleta olímpico azul José Pinto foram cabeça de cartaz neste momento importante. Impossível seria esquecer a presença de Georgete Duarte, verdadeiro mito do atletismo de «Os Belenenses», campeã nacional por de 46 vezes e recordista nacional por 15.
Foi esta grande senhora do atletismo nacional que na cerimónia de inauguração passou a pista em testemunho às cerca de duas dezenas de jovens atletas do Clube que estiveram presentes também na cerimónia.
A velha pista de cinza do Estadio do Restelo foi o palco de vários momentos altos do atletismo nacional. Entre eles a obtenção do record mais duradouro do atletismo português, quando Pedro Almeida saltou 7,62 metros em comprimento no meeting Portugal – França em 1962. Esta marca só seria batida 23 anos mais tarde, em 1985 e por Carlos Medeiros.
A pista do Restelo foi palco dos Campeonatos Nacionais de 1958, 1959 e 1960 e, mais tarde, os de 1964 e 1971, muito por força da poderosa equipa feminina do Belenenses na década de 50.
No entanto, com a inauguração da primeira pista sintética em Portugal, no Estádio Nacional em 1972, a pista do Restelo deixou praticamente de ser utilizada em competições, acabando por se degradar. Apesar de ter havido na década de 80 uma recuperação da pista, a mesma pelas características que apresentava não mais voltaria a ser palco de eventos de relevo. Aliás, o mesmo se passa ainda hoje, apesar do investimento que foi feito na obra que neste dia comemora a sua inauguração.