quarta-feira, 7 de junho de 2006

Neste dia, em . . .

1919 – Nasce José Pedro Bazaliza (Campeão em 1946)

Acácio Rosa, dizia que era um «artista da bola e jogador inconfundível. Uma “cópia” de Scopelli».

José Pedro Ferreira Bazaliza, nasceu neste dia, em 1919, meses antes do nascimento do Clube em que mais se destacou enquanto jogador e anos mais tarde como dirigente.

Seria o próprio Artur José Pereira que, em 1933, tinha José Pedro 14 anos, o viu num treino dos infantis (actualmente Juvenis/Juniores) e quis que ficasse no Clube. E assim teria sido não fora a oposição da sua família que não queria que jogasse futebol.

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No entanto José Pedro convencê-la-ia no ano seguinte ficando a jogar em Cascais, no Grupo Sportivo e Dramático de Cascais, onde permaneceria durante sete anos, equipa pela qual alinhou pela primeira vez em jogos oficiais. Tinha apenas quinze anos e já se estreava na Primeira Categoria.

Em 1941, via o seu primeiro sonho realizado finalmente, ao ingressar no «primeiro team» ido Belenenses. Jogou principalmente em duas posições: interior-esquerdo e ponta esquerda, embora com maior destaque e frequência na primeira.

No Belenenses ficaria até ao final, prematuro, da sua carreira em 1947, com 28 anos. Foi uma vez Campeão Nacional, duas vezes Campeão de Lisboa e venceu uma Taça de Portugal. Participou no período de ouro do Belenenses. Alinhou em 81 jogos marcando 42 golos.

Nunca chegou a alinhar pela Selecção Nacional, não deixando porém de alinhar algumas vezes na “Selecção de Lisboa” que há época realiza vários jogos de relevo e tinha uma representatividade assinalável.

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Em Desembro de 1961 foi entrevistado pelo jornal «Record» recordou os bons e os maus momentos da sua carreira:

– Bons, recordo aquele jogo de Elvas em que vencemos por 2-1, ficando, mercê desse triunfo, campeões nacionais.

Breve pausa.

– Os maus, quase sempre os esquecemos. No entanto, lembro-me que uma vez fomos ao Norte disputar dois jogos, sendo um no Porto e outro em Guimarães. Se ganhassemos um desses encontros, ficaríamos bem lançados para o título, mas perdemos os dois.

Ao longo da sua carreira não existiu qualquer peripécia que lhe seja grato recordar?
O nosso interlocutor pensa durante escassos segundos e, por fim, diz-nos:

– Olhe, nesses jogos no Norte, eu tive, após o primeiro jogo que vir a Lisboa. Para regressar a tempo de fazer o segundo jogo fui numa camioneta do «Diário de Lisboa», que fazia a distribuição do jornal através do Norte do País. Fui de Lisboa ao Porto sentado sobre montes de jornais.

Antes de fazermos a pergunta base desta rubrica
[NdE: “Um golo que não me esquece”] , pedimos ao antigo jogador dos «azuis» que nos desse a sua opinião, acerca do futebol do «seu» tempo e do actual.

– Nesse aspecto tenho opinião contrária à maioria das pessoas. Quanto a mim hoje joga-se mais futebol, mais rapidez de reflexos, mais velocidade de execução, mais conjunto. Antigamente imperava a habilidade natural de cada um.

E finalmente: qual foi o melhor golo da sua carreira desportiva?

– Foi nas Salésias, num jogo Belenenses – Porto. A poucos segundos do fim, o resultado estava em 2-2, quando surgiu um canto contra o Porto, que Rafael marcou. Saltei à bola juntamente com Barrigana, mas de tal maneira que a minha cabeça chegou mas alto que as mãos do antigo guarda-redes portuense e obtive o golo da vitória, no último instante da partida.


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José Pedro seria também dirigente no Belenenses. Foi Vice-Presidente para o Futebol, saindo em 1972, por divergências na renovação do jogador Laurindo. Manteve porém uma ligação afectuosa ao Clube.

Em 6 de Maio de 2001, foi homenageado no Estádio do Restelo, junto com os restantes Campeões Nacionais de 1946.

Infelizmente José Pedro já não está entre nós. Permanece, apesar disso, na memória que perdura. Enquanto a tivermos ou a quisermos manter...