terça-feira, 27 de junho de 2006

Neste dia, em . . .

1917 – Nasce Artur Quaresma (Campeão em 1946)

É uma das maiores referências vivas do clube, esperamos que por muitos e bons anos.

Vindo do respeitável Barreirense, clube da sua terra natal, Artur Quaresma chegou ao Belenenses em 1936. Logo nessa época, de 1936/37, foi Vice-Campeão Nacional. O Belenenses ficou apenas a um ponto do Benfica, com três pontos de vantagem sobre o Sporting e nove sobre o F.C. Porto (uma surpreendente derrota caseira contra a Académica impediu-nos do título). Esteve ainda nas meias-finais do Campeonato de Portugal.

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A época seguinte, de 1937/38, foi pior para o Belenenses, que se quedou num decepcionante quinto lugar no Campeonato Nacional, considerado vergonhoso pelos dirigentes e adeptos (hoje um quinto lugar...a contar do fim, constitui motivo de orgulho para alguns...), e um também desagradável terceiro lugar no Campeonato de Lisboa.

No entanto, Artur Quaresma estava em excelente condição e, assim, em 28 de Novembro de 1937, estreou-se na Selecção Nacional A, em jogo com a Espanha. Ele e os dois outros jogadores do Belenenses presentes (Mariano Amaro e José Simões) foram os únicos a recusarem-se a fazer a saudação fascista.

Na época de 1938/39, foi Vice-Campeão de Lisboa, com o Belenenses a ficar somente a um ponto do Sporting. No Campeonato Nacional, ficámos em quarto lugar.

Desde 1939/40 a 1942/43, o Belenenses (e, portanto, Artur Quaresma) obteve sempre o terceiro lugar no Campeonato Nacional. Como já referimos, fomos esbulhados do título em 1942/43, por arbitragens insólitas; mas também em 1939/40, fomos seriamente prejudicados, nomeadamente em jogos com o Sporting e o F.C. Porto, com os encontros a serem encurtados (quando perdíamos) ou suspensos (quando estávamos em situação vantajosa). Destas situações, e dos enérgicos protestos do nosso clube, dá conta Acácio Rosa na pág. 351 (aqui reproduzida) do seu livro sobre a História do Belenenses que compreende o período de 1919 a 1960.

Note-se, entretanto, que o Belenenses teve o melhor Ataque dos Campeonatos de 1940/41 e 1942/43; e Artur Quaresma integrava, justamente, a nossa linha atacante.

Curiosamente, nas mesmas épocas, o Belenenses foi também sempre terceiro no Campeonato de Lisboa.

Já na Taça de Portugal, as coisas foram diferentes: o Belenenses foi finalista em 1939/40, 1940/41 e 1941/42 (à quarta edição, o Belenenses era o clube com mais presenças na final). Perdemos as duas primeiras edições mas ganhámos a de 1941/42. Foi o primeiro grande título de Artur Quaresma. Note-se que ele não pôde estar presente na final do ano anterior (22 de Junho), o que não foi pequeno contratempo para a nossa equipa. De qualquer modo, colaborou no percurso para chegar a essa três finais consecutivas.

Em 1943/44, Artur Quaresma obteve o seu segundo grande título ao serviço do Belenenses: fomos Campeões de Lisboa, com o melhor Ataque e a melhor Defesa.

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A época de 1944/45 foi excelente para Artur Quaresma: obteve mais três internacionalizações, em jogos de Portugal com a Espanha (11 de Março de 1945, em Lisboa; empate 2-2; Serafim das Neves e Rafael Correia igualmente presentes), novamente com a Espanha (6 de Maio, na Corunha; derrota 4-2; Mariano Amaro, Feliciano e Rafael também presentes) e com a Suíça (21 de Maio, em Basileia; derrota 1-0; os mesmos quatro jogadores azuis presentes).

Por outro lado, brilhou a grande altura nos dois jogos que o Belenenses realizou com o Real Madrid: empate 2-2 em Espanha e vitória 1-0 nas Salésias (15 e 31 de Maio) .

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Mostrou-nos, um dia, quais relíquias, recortes de jornais espanhóis referentes ao primeiro desses jogos. Admirámo-los e admirámos essa nossa grande figura; e, porém, “porca miséria”, ninguém estava interessado no grande Artur Quaresma, nem parecia conhecê-lo, em plena época de euforia com o rolador Rodolfo Lima! Enfim, sintomas da decadência do Belenenses!... Nada já nos espanta, desde que, por exemplo, há dias a Ana Linheiro foi aqui insultada e os defensores dos “bons costumes” (?) – sempre tão incomodados se se diz alguma coisa de quem põe o clube na lama e nem dá explicações – não se incomodaram nada.

No Campeonato Nacional do mesmo ano (1944/45), ficámos em terceiro lugar, com os mesmos pontos do Sporting e a três do Benfica, tendo o Belenenses novamente sido afastado do título por factos anómalos, em especial uma vergonhosa arbitragem em jogo com o Sporting (24 de Junho).

E chegou a célebre época de 1945/46. O Belenenses, com Artur Quaresma, foi Campeão de Lisboa e Campeão Nacional. Quaresma foi, uma vez mais, determinante. No Campeonato de Lisboa, tivemos o melhor Ataque (e, de resto, também a melhor Defesa); no Campeonato Nacional, só à sua conta marcou 14 dos nossos 74 golos, tendo estado em grande evidência no jogo decisivo em Elvas.

Em 14 de Abril de 1946, obteve a sua quinta e última internacionalização. O Belenenses venceu a França por 2-1 e estiveram presentes cinco jogadores azuis: Serafim, Amaro, Feliciano, Rafael e Quaresma. Note-se que o número de internacionalizações de Artur Quaresma teria certamente sido muito superior se, por causa da Segunda Guerra Mundial, a Selecção Nacional não estivesse estado inactiva entre de Janeiro de 1942 e 11 de Março de 1945 e se, mesmo antes e depois disso, os jogos internacionais não fossem muito mais raros.

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Em 1947/48, Artur Quaresma esteve na inauguração do Estádio do Real Madrid e contribuiu para o terceiro lugar do Belenenses no Campeonato Nacional, que liderámos várias jornadas, mesmo já na segunda volta, e que acabámos a quatro pontos de Sporting e Benfica.

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Em 5 de Outubro de 1948, apenas com 31 anos, teve a sua festa de despedida, e ainda marcou um golo na nossa vitória por 4-1 sobre o Sporting.

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Mas a sua ligação com o futebol do Belenenses não terminou aí: ocupou-se na formação e no treino de jovens jogadores durante cerca de uma década e meia, com significativo sucesso.

Para além disso, Artur Quaresma esteve e estará sempre no Belenenses e o verdadeiro Belenenses estar-lhe-á sempre grato e pronto a tributar-lhe o seu imenso respeito...