terça-feira, 20 de junho de 2006

O Ponto de (não) Viragem

Escrevi há cerca de uma semana sobre este assunto. Referi-me ao actual momento do Belenenses, que invariavelmente recai num tema que actua como elemento absorvente. Tal como o eucalipto, nada à sua volta cresce, pois tudo suga. Atenções, recursos, tudo.

Se por um lado penso que o Clube, especialmente na pessoa do seu Presidente deve ser mais activo e mediático, por outro tenha a clara visão de que fazer notícias sobre as notícias e as não-notícias e comentar comentários que, a bem dizer, nem o são, é pura perda de tempo. Mas quanto a isso já não tenho mais nada a dizer. Ou melhor, tenho, mas não quero ferir (mais) susceptibilidades.

Prefiro olhar para esta situação noutra perspectiva. Como em tudo o que é negativo, daí também se podem tirar ilações sobre outro modo de actuar. Não é o que institucionalmente temos estado a fazer. E urge mudar.

Confesso que a semana que passou, longe de computadores e de acesso à Internet, infelizmente o único meio em que o Belenenses ainda é visível, tentei colocar-me na perspectiva de quem acompanha este caso apenas pela imprensa escrita ou pela televisão. Apenas confirmei aquilo que já intuíra.

O cenário é triste. Primeiro porque é um caso que é ignorado pela maioria dos órgãos de informação. Lá aparece meia paginazita por diário e uma ou outra referência. Só dá “Mundial”. E ninguém que não nós e os dito-cujos querem saber disto.

O pior mesmo é que só dá «galito» nas suas conferências de imprensa. O homem está errado e detesto a postura, aliás, não é assim que queria ver o nosso Presidente agir, até porque seria incapaz (ainda bem!). Mas a verdade é que mesmo de outra forma, com educação, correcção e argumentação decente, do nosso lado, zero ou pouco mais temos de forma que seja audível.

Confesso, já estou farto deste «galito». Desse e do pai que afinal não era ou é – não sei – e que entretanto pediu demissão não sei se de pai, não vá o «minguito» ficar órfão – isso não queremos coitado do moço.

Mais a sério, entristece-me não ver uma resposta elaborada, mediática e imediata da nossa parte. O low-profile em situações deste género é contra-producente. Exige-se uma resposta que contrarie a própria essência ou feitio do próprio Presidente, mas mantendo os princípios de extrema correcção e educação. Ontem esteve na SIC Notícias, mas é pouco.

Não defendo que deva aparecer a comentar as alarvidades de cada vez que o «galito» regurgita. Antes pelo contrário.

Penso, sim, que deve dar uma conferência Clara-Curta-Concisa, simples, tão curta quanto possível, no Restelo, mas que explique os passos que se deram até agora e que reflictam a verdade dos factos, de uma forma correcta mas brutalmente contundente nas razões que nos assistem. Para que finalmente se dê a viragem da opinião pública.

Tão embrenhados que estamos no nosso mundo fechado que nos esquecemos de como o mundo e os nossos que não vivem agarrados à net vêem tudo o que se está a passar.

Ponhamo-nos na posição daqueles que não bloguam e não acedem ao site oficial (uma vez tentámos abordar este tema, mas convenhamos que esta é uma comunidade pouco autocrítica).

No Sábado passado (17/06) o Portal Oficial publica uma resposta às «conFIÚZões». Porreiro, baril, não lhe tiro o mérito.
Mas eu pergunto: Quem leu? Jornalistas fizeram eco? Algum belenense não-internauta (raça em risco elevado de extinção e não porque os que internetam estejam a aumentar) leu? Alguém fora deste círculo fechado da “net azul” ficou convencido que afinal temos mérito e que a nossa causa é justa?

Está bem escrever na Internet, mas temos que, de uma vez por todas, perceber que ESTAMOS, TODOS NOS BLOGS E SITES DO BELENENSES, A ESCREVER E A FALAR EM CIRCULO FECHADO. Que bloglords, blogueiros e bloguistas não o percebam ainda vá, pode o próprio umbigo ser tentador, embora não seja preciso ser intelectual para disso nos apercebermos, mas uma Direcção – mais – um Clube? Não pode ser! E urge mudar esta mentalidade, esta prática e sair deste círculo vicioso e viciante. Eu próprio tenho esta noção quando estou a escrever estas palavras. Estou a escrever para um destinatário principal – o único que pode mudar algo de facto: Cabral Ferreira, claro! Há outro destinatário, que é a própria «blogosfera», mas dessa já há muito que desisti de tentar ver alguns méritos no que penso e manifesto.

Iniciativas como a de ontem, de ir à TV, são de louvar mas, especialmente, SÃO DE REPETIR.
Não fiquemos por aqui. Rádio, TV, Jornais ou fazer estes meios ir ao Restelo e dar-lhe uma apresentação filmada do nosso ponto de vista. Não que isso vá ajudar na resolução do caso/affair/filme, nas instâncias competentes. Não.

Não somos mafiosos. Mas pode fazer milagres na reunião dos Belenenses em torno de uma causa como nenhuma outra coisa nos últimos 10 anos o conseguiu fazer. E refiro-me até a aqueles que viraram costas ao longo deste tempo. É como nas famílias, por mais problemas internos que haja, havendo uma ameaça externa, os membros unem-se contra a ameaça exterior e até os parentes que não se vêem há anos voltam para ajudar. Saibamos lá chegar finalmente. Há uns tempos escrevi sobre este assunto como sendo a mais PRIORITÁRIA DAS TAREFAS, porque só assim se pode tornar o Clube mais forte. Sem a abertura (ou recuperação) de canais próprios de comunicação com os Belenenses, principais e não apenas alternativos, não vamos a lado nenhum. E este momento, em que nos fizeram esta nojeira já 1000 vezes relatada em circulo fechado mas que pouco dele sai de modo a chocar não só os Belenenses mas todos que estejam atentos ao fenómeno desportivo, é o momento ideal para começar a fazermo-nos ouvir FORA daqui.

E aí arriscar-me-ia a dizer que quanto mais formos injustiçados e nos saibamos fazer ouvir, mais a opinião pública nos olhará como deve ser, ao invés de agora em que somos os maus da fita, como e muito bem o «galito» tem aproveitado para passar essa imagem.
Como diz o meu Pai (e bem), «quem não chora não mama!».

Agora sim, caro Cabral Ferreira, era de ir ver fora do país um jogo que não do Belenenses, era de ir à Alemanha ver um jogo do Mundial (se o Clube não tem dinheiro e não há já nenhum bacano para lho pagar, aqui os generosos fazem uma vaquinha), com pompa e circunstância, fazendo-se notado e no final ser entrevistado à saída e aproveitar o minutito para propagar a «mensagem». A ideia não é minha mas parece-me boa, especialmente porque nesse momento está um mundo de gente a ver!

Deixe lá de se preocupar com a net que estes já estão fidelizados/domados. Atire-se mas é aos outros com unhas de dentes! Aos que são Belenenses e já nem se lembram. Porque também são da família!.