Aos 15 anos de idade, como prémio paterno pela passagem no então 5º ano do liceu (hoje, 9º ano de escolaridade), Acácio Rosa foi admitido como sócio do Belenenses, condição que conservou até à sua morte, 68 anos depois (era, então, o sócio nº 35). Esteve para ser expulso nos tempos conturbados e lamentáveis de 1990, em que denunciou factos que se vieram a mostrar fundados e deixou alertas que hoje, 15 anos passados, nos fazem estremecer.
As tomadas de posição de Acácio Rosa foram (e são) muitas vezes controvertidas; mas dificilmente se poderá discutir a grandeza do seu amor pelo clube, algo difícil de ultrapassar ou até de igualar.
Como já vimos anteriormente, na data do seu nascimento, ele foi tudo no clube. Estava presente, por exemplo, quando foi preciso obter terrenos para construir um novo Estádio, depois do clube ser notificado que teria de deixar as Salésias; quando o Belenenses foi à capital espanhola, como convidado de honra, para inaugurar o Estádio do Real Madrid; nos dias sombrios de 1961, quando a sobrevivência do clube estava em causa, e se perdeu a propriedade do Restelo; nos anos heróicos de 67-69, quando se lutou vitoriosamente para recuperar a posse do Estádio; nos temos dramáticos de 1982, quando o Belenenses se parecia afundar irreversivelmente num mar de dívidas e de abandonos... Esteve presente nas horas boas mas, sobretudo, nos momentos dramáticos, quando tudo parecia desabar.
No entanto, aquando da sua morte, em 1995, o Presidente de então nem se dignou comparecer ao seu funeral... Talvez por ele distinguir entre Belenenses azuis e Belenenses...menos azuis tal não ser bem aceite por estes últimos.
Uma nota final: como historiador do clube, abrangendo os 72 anos de 1919 a 1991, Acácio Rosa deixou escritas 2.400 páginas. Se muitíssimas mais coisas ele não tivesse feito pelo Belenenses, só esse facto já o tornaria credor da nossa perpétua gratidão – a mesma que ele sempre tributou a todos os que serviram o Belenenses.
1964 – Festa de Homenagem a Matateu
E a propósito de gratidão... Empurrado para fora do nosso clube por homens que pareciam não saber o que significava o nobre sentimento expresso naquela palavra e cuja memória era curta – um problema que se agravou dramaticamente nos nossos dias -, Matateu foi “repescado” devido à pertinácia e dedicação de Acácio Rosa, no fim da época de 63/64.
Na altura, entre outros pontos, ficou decidido que se realizaria uma festa de homenagem a essa figura imensa do futebol belenense, português e mundial que foi Matateu. Ela teve lugar no Estádio do Restelo, nesta data, perante grande assistência, que vitoriou o jogador e teve oportunidade de ver um jogo entre o Belenenses e o Benfica (resultado final: 2-4).