quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Neste dia, em . . .

1919 - Primeiro jogo do Belenenses (com Vitória de Setúbal)

O Belenenses fez o seu jogo de estreia – a sua primeira aparição pública – a 30 de Novembro de 1919, precisamente contra o Vitória de Setúbal em jogo a contar para a Taça Associação.

Este acontecimento tão importante na vida de um clube está muito bem documentado, como seria de esperar, nos livros que Acácio Rosa nos deixou em legado. No primeiro volume de Factos Nomes e Números (1919-1960) e no segundo volume (1960-1984), na sua primeira parte.

Mas não só pela sua mão. Nesta última referência surge, inclusive, uma transcrição de uma palestra do Dr. Mário Duarte – o primeiro Guarda-Redes do Belenenses – inserida nas comemorações do primeiro Cinquentenário do Clube, em 1969, e que ilustra perfeitamente os factos e a data em que ocorreram os factos, bem como a forte amizade que o unia a Artur José Pereira.

“(...) O C. F. «Os Belenenses» aparece em público pela 1ª vez

Em 30 de Novembro de 1919 a equipa de «Os Belenenses», envergando camisas azuis debruadas a branco, com a cruz de Cristo no peito, joga contra o Vitória de Setúbal que tinha então uma fortíssima equipa em desafio inaugural da época de 1919-1920 para disputa da «Taça Associação».

Foi esta a primeira vez que o Clube de Foot-Ball «Os Belenenses» se apresentou em público. É curioso assinalar que não tínhamos conseguido treinar antes a equipa completa. Faltava sempre algum jogador aos treinos!

Novidade foi também a maneira como entrámos em campo: colocámo-nos todos debaixo da baliza e de aí foram saindo os jogadores em ordem para os seus lugares respectivos abrindo em forma de leque, 5, 3, 2 só ficando eu no meio da baliza no meu posto de guarda-redes!

Perdemos por 1-0 «goal» que foi metido por um defesa nosso, numa infeliz intervenção.

O campo, do Sporting Clube de Portugal ao Campo Grande, registou uma das maiores enchentes daquele tempo. Seis mil pessoas!

Representaram o C. F. «OS BELENENSES»:
Mário Duarte; Bogalho; Arnaldo; Carlos Sobral; Artur José Pereira; Francisco Pereira; Aníbal Santos; Campos; Manuel Veloso; Joaquim Rio e Alberto Rio.

Recordarei aqui o nome de Henrique Costa, sempre aprumado mas com um ar já pesado. Ele era um bom conselheiro e orientador dos mais novos. Esteve no vestiário, acompanhando-nos sempre. Por um triz que jogava esse primeiro desafio, porque estavam dez jogadores quando, faltavam apenas cinco minutos, apareceu o décimo primeiro.

Henrique Costa , por ser o mais idoso, e também o de ar mais respeitável ficou sendo o sócio n.º 1. Artur cedeu-lhe essa honra e ficou o n.º 2. Até nisso o Artur era grande.
(...)”

Image hosted by Photobucket.com

O jornal “Sport de Lisboa”, a 6 de Dezembro de 1919, relatava assim o jogo:
“(...) O jogo a princípio manteve-se ora num campo ora noutro, fazendo o Vitória melhor jogo que os seus adversários. A sua linha avançada combinava bem, mas ligava mal e tinha bastante falta de remate. O jogo teve algumas fases interessantes, mas tanto na primeira como na segunda parte foi monótono, devido talvez à falta de treino dos Belenenses.
O Vitória dominou mais que o seu adversário, pondo em sério risco as redes contrárias, que Duarte defendia muito atrapalhadamente.
Os Belenenses realizaram várias descidas, mas os remates eram altos ou bem defendidos por Ernesto, que jogou muito bem.

(...)
Dos Belenenses os melhores forma Bogalho, Carlos Sobral e Artur Pereira, principalmente o primeiro, que jogou muito bem.
(...)”

Em 11 de Dezembro, o jornal «Os Sports» publicava:
“(...) O Belenenses perdeu o seu primeiro desafio de futebol mas parece que não desanimou e antes pelo contrário está disposto a treinar com mais vontade, para que nos próximos «matches» a vitória lhe sorria. É trabalhando que se consegue o que se deseja e é isso o que o «Belenenses» deve fazer.
Além de tudo o mais há ainda o estímulo que lhes fornece o sorriso daqueles que sempre disseram que o novo clube de futebol não chegaria a aparecer.
Apareceu e muito bem...


Assim nascia para o mundo «Os Belenenses» - um grande CLUBE DE FUTEBOL.



1947 - Belenenses vence Benfica por 4-1 para o Campeonato Nacional de Futebol

Quando, na época passada, o Belenenses bateu o Benfica por 4-1 no Restelo, vários jornais disseram que era preciso recuar a 1947, a um jogo no Restelo, para se encontrar uma vitória tão folgada do nosso clube sobre o Benfica em jogos oficiais.

Tal afirmação contém um duplo erro, aliás coisa habitual na vigente ignorância jornalística sobre o nosso clube e, em geral, sobre tudo o que não diz respeito a três clubes privilegiados.

Em primeiro lugar, em 1960, posteriormente, portanto, a 1947, o Belenenses venceu o Benfica por 5-0 para a Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa (ver aqui) ).

Em segundo lugar, o jogo que hoje lembramos teve lugar nas Salésias e não no Restelo, que só seria inaugurado em 1956.

De resto, é verdade, sim: em 30 de Novembro de 1947, o Belenenses recebia e vencia o Benfica por 4-1 e liderava o Campeonato Nacional. Aliás, neste Campeonato Nacional, de 1947/48, o Belenenses esteve em 1º lugar a maior parte do tempo. Assim, ao terminar a 1ª volta, a meio do Campeonato, o Belenenses estava em 1º, com mais 2 pontos que Benfica, Sporting e Estoril, e mais 3 que F.C.Porto; mais tarde, à 18ª jornada (realizada em 28 de Março de 1948), iniciado já o último terço do Campeonato (que tinha então 26 jornadas), o Belenenses comandava com 30 pontos, seguido do Benfica com 29, do Sporting com 28 e do F.C.Porto com 26. Depois, uma baixa de forma da nossa equipa, e algumas arbitragens que nos desfavoreceram (como tantas vezes em momentos cruciais...), fizeram-nos descer para o 3º lugar final. O Sporting foi Campeão com 41 pontos, o Benfica foi 2º também com 41. O Belenenses somou 37 pontos. O Estoril foi 4º com 36, a mesma pontuação que o 5º classificado, o F.C.Porto. O Boavista foi 9º com 20 pontos (ver Classificação).

Image hosted by Photobucket.com

O Belenenses registou a melhor defesa de todas as equipas, sofrendo 30 golos (seguiram-se Benfica com 35 e Sporting com 40). Nos jogos contra os nossos outros rivais principais, ganhámos ao Sporting 3-2 em casa e empatámos fora 4-4; ganhámos ao F.C.Porto por 3-0 em nossa casa e por 2-0 fora (ver tabela de resultados). Apenas perdemos em casa do Benfica, por 2-0.

Lembremos que nesta mesma época, o Belenenses seria finalista da Taça de Portugal, que perdeu para o Sporting.



1958 - Belenenses vence F.C.Porto por 1-0 e ocupa 2º lugar no Campeonato Nacional de Futebol

Este foi um dos vários Campeonatos Nacionais em que o Belenenses disputou seriamente o título de Campeão Nacional.
No final, ficaria em 3º lugar, a 3 pontos do F.C.Porto (1º) e do Benfica (2º). Para sermos afastados do título, contribuíram uma série de arbitragens que muito nos penalizaram e que atingiram o seu clímax num famoso jogo disputado em 1 de Fevereiro de 1959 (data em que o Restelo esgotou pela 1ª vez), quando nos foi sonegada uma vitória sobre o Benfica com a incrível invalidação de um golo (falaremos disso oportunamente). De resto, este foi o famoso Campeonato em que o árbitro Inocêncio Calabote nunca mais acabava o jogo Benfica-CUF, com a vantagem de goal-average dos portuenses sobre os encarnados a ser posta em risco. Adiante...

Image hosted by Photobucket.com

Nesta data, em dia de temporal (veja-se o título na capa do jornal “A Bola”: “futebol hidráulico”...), que não impediu que perto de 30 mil pessoas afluíssem ao Estádio do Restelo, o Belenenses ganhou ao F.C.Porto por 1-0, graças a um golo marcado aos 37 minutos por Matateu, de livre directo (ver imagem do golo, também publicada na edição de “A Bola” de 1 de Dezembro de 1959). O F.C.Porto parecia então arredado da luta pelo título – e mais arredado ainda estava e estaria o Sporting. O Benfica liderava com 1 ponto de vantagem sobre o Belenenses e o Vitória de Guimarães.

Image hosted by Photobucket.com

Saliente-se que, apesar do mau tempo, o jogo gerou a – para a época – excelente receita de 195.682 escudos. Compare-se: na mesma data, o Académica Sporting gerou 149.711 de receita; o Benfica – Vitória de Setúbal, apenas 41.629. Na jornada seguinte, o Lusitano de Évora-Benfica teve a receita de 165.543 escudos; o Vitória de Setúbal – Belenenses, de 75.172; O Sporting-Covilhã, de 60.083; o F.C.Porto-Barreirense, de 43.491. No total acumulado de receitas (em lógica correspondência com as assistências), lá vinha o Belenenses em 4º lugar. E ainda nos faltava jogar com o Benfica (lotação esgotada, como dissemos), com o Sporting (mais de 30 mil pessoas) e com o Vitória de Guimarães (que, sem chuva, proporcionou uma receita ainda maior que a do jogo com o F.C.Porto, graças aos perto de 35 mil espectadores presentes). Hoje, ao que chegámos...

Esta efeméride, como a anterior, não foi transcrita de nenhum livro. São contributos para a história do Belenenses...



2004 - Belenenses vence suíços do Boncourt por 100-64, em jogo de competição europeia de Basquetebol (Taça FIBA)

Naquele que foi apenas o quinto jogo oficial do Belenenses numa competição europeia de clubes em basquetebol, no caso a Taça FIBA, o Belenenses voltou a dar excelente conta de si, vencendo desta vez a equipa Suiça do Boncourt por um inapelável 100-64.
Repetia-se assim a excelente estreia quando no início desse mês vencera os checos do Brno, também no pavilhão Acácio Rosa.

Image hosted by Photobucket.com

Rezam as crónicas que o Belenenses foi simplesmente demolidor, como se comprova facilmente pela diferença final de 36 pontos e pelo atingir, pelo Belenenses, da marca de 100 pontos

Destacaram-se na equipa do Belenenses jogadores como o Norte-Americano Reggie Moore, que à sua conta marcou 34 pontos, Luis Costa, Paulo Simão e Mário Jorge.
Para a história ficam os nomes de todos os jogadores do Belenenses que alinharam neste encontro:

Belenenses: Richard Anderson (13), Nuno Figueiredo (n.j.), André Pedroso (n.j.), Reggie Moore (34), Nuno Perdigão (n.j.), Miguel Minhava, Jorge Coelho (13), Paulo Simão (20), Luís Costa (15), Mário Jorge (5), João Monteiro (n.j.)

Evolução do marcador: 13-11 (5´), 26-16 (10´), 35-24 (15´), 43-32 (20´), 58-43 (25´), 70-47 (30´), 80-58 (35´) e 100-64(40´).

Image hosted by Photobucket.com

Um pequeno detalhe deste jogo, mais concretamente em redor deste jogo, e que ajuda um pouco a perceber o modo de estar dos responsáveis portugueses e algumas das razões de uma menor penetração da modalidade em Portugal.

Enquanto a equipa do Boncourt foi acompanhada inclusive por uma rádio Suiça, que se fez deslocar a Lisboa para que fosse possível transmitir o relato do jogo em directo, verificou-se a total ausência de elementos representativos das entidades de basquetebol em Portugal, como Federação Portuguesa de Basquetebol e Liga TMN, num jogo a contar para uma competição europeia de extrema importância para as aspirações de uma equipa portuguesa nas competições europeias mais ainda sabendo o tipo de projecção que se obtém com a presença nas mesmas.
No entanto em termos de imprensa portuguesa o jogo foi bem acompanhado por inúmeros jornalistas dos mais diversos jornais. Pena é que os grandes destaques estejam à partida, como sempre, já destinados ao grupo habitual.