1928 – Homenagem aos quatro jogadores do Belenenses presentes nos Jogos Olímpicos de Amsterdão (Augusto Silva, Pepe, César de Matos e Alfredo Ramos)
Os Jogos Olímpicos são a competição internacional de futebol mais antiga. Em 1986, primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, o futebol foi introduzido apenas como modalidade de exibição. Aliás nesse ano, o torneio foi cancelado em virtude da falta de participantes suficientes, pelo que apenas em 1904 realizar-se-ia pela primeira vez, ainda como modalidade de exibição.
Na edição seguinte dos Jogos, disputados em Londres, em 1908, viria a ser modalidade de competição. Seria a equipa da casa a vencê-la sem grande surpresa, ao vencer na final a Dinamarca. Desde então, o futebol só ficaria de fora dos Jogos Olímpicos em 1932, em Los Angeles. Como curiosidade refira-se que a competição feminina seria introduzida apenas em 1996, em Atlanta.
Os Jogos da IX Olimpíada, realizaram-se de 17 de Maio a 12 de Agosto de 1924 em Amsterdão. Um número recorde de 2.883 participantes na Cerimónia de Abertura, cabendo ao país organizador, Holanda, fechar o desfile, no que viria a tornar-se o protocolo oficial. Também pela primeira vez, a “Chama Olímpica” foi instalada no topo do Estádio, ficando acesa durante a duração do evento.
Portugal apresentou uma representação de 32 atletas e viria a conseguir uma nova medalha de bronze, a juntar à obtida em Paris 1924 na equitação: na prova de Espada e Florete (Esgrima).
A competição foi dominada, como já o fora na edição de 1924 em Paris, pela selecção uruguaia que, em 1930, se sagraria Campeã do Mundo, na primeira edição do Mundial totalmente disputada nos três estádios de Montevideo (Centenário, Pocitos e Parque Central).
A equipa olímpica portuguesa de futebol, estava presente pela primeira vez. Para o facto contribuiu fortemente a criação, na época de 1927/28, da Federação Portuguesa de Futebol (que veio substituir a União Portuguesa de Futebol) e o seu Presidente, João Luís de Moura (Presidente do Belenenses de 1925 a 1931), sem esquecer os bons resultados obtidos em jogos recentes frente à Argentina, França, Espanha e Itália.
Sob a direcção técnica de Cândido de Oliveira e Ricardo Ornellas, a equipa chegaria até aos quartos-de-final. Estiveram presentes quatro jogadores do Belenenses: Pepe, Augusto Silva, Alfredo Ramos e César de Matos.
No jogo preliminar bateu a Selecção Chilena por 4-2, como demos conta a 27 de Maio, o que constituiu a primeira vitória de uma selecção portuguesa em território estrangeiro.
Na primeira eliminatória, correspondendo aos oitavos-de-final, Portugal encontrou a Jugoslávia e venceu 2-1, com o golo da vitória a ser marcado por Augusto Silva.
Viria, no entanto, algo inesperadamente, a ser eliminada na ronda seguinte (quartos-de-final), frente ao Egipto, por 1-2. Ao intervalo Portugal já perdia por 1-0. Portugal dominou toda a partida e só muita infelicidade e uma arbitragem muito adversa permitiram que fossemos eliminados perante uma equipa de inferior capacidade, como aliás atestam o resultado que obteve na meia-final frente à Argentina (derrota por 0-6) e no jogo para o apuramento do vencedor da medalha de bronze frente à Itália (derrota por 3-11).
O Uruguai venceria a competição, repetindo o êxito já alcançado em 1924, vencendo na final, após jogo de desempate, a Argentina por 2-1. Muito destas duas vitórias consecutivas contribuiu para o facto de o primeiro Campeonato do Mundo de Futebol, realizado volvidos dois anos, se viesse a disputar nesse país.
Portugal, porém, só regressaria ao torneio de futebol dos Jogos Olímpicos, em Atlanta em 1996, 68 anos volvidos.
De qualquer forma e tendo em conta ter sido esta a primeira competição internacional em que participou uma Selecção Portuguesa não se pode dizer que fosse totalmente decepcionante o resultado atingido. Em virtude disso, a Direcção do Belenenses prestou significativa homenagem aos quatro jogadores olímpicos no seu regresso de Amsterdão.
A festa realizou-se na sede do Clube, tendo sido descerrados os retratos dos quatro futebolistas, num acto de grande simbolismo e sentimento clubista, sob prolongados aplausos. A cerimónia foi concluída acompanhada por um cálice de Porto, com vários vivas aos jogadores homenageados e ao futuro do Belenenses.