1941 – Belenenses presente, pela segunda vez, na Final da Taça de Portugal
Na terceira edição da Taça de Portugal, o Belenenses chegou pela segunda vez (e consecutiva) à final.
No Campeonato Nacional, o Belenenses fora terceiro classificado, a quatro pontos do Sporting, a um ponto do F.C.Porto e um ponto à frente do Benfica. Tivera o melhor ataque e a melhor defesa.
Na Taça de Portugal, o Belenenses, nos oitavos de final, começou por vencer o Boavista com duas goleadas: 7-1 Fora e 8-0 em Casa (15-1 no total).
Vieram os quartos de final, e saiu-nos a Académica, que havia sido a vencedora da primeira edição. Ganhámos por 5-1 nas Salésias e, depois, por 2-0 em Coimbra. Avançámos para as meias-finais.
O adversário era o Benfica. A rivalidade era intensa. Começámos por perder Fora por 1-0. Na segunda-mão, nas Salésias, anulámos a desvantagem, triunfando por 2-1. Houve, assim, necessidade de um terceiro jogo, de desempate. Neste, o Belenenses bateu o Benfica por 3-2.
Chegámos assim à final. O nosso adversário era o Sporting, que eliminara o Seixal, o Vitória de Guimarães e o Unidos.
Tendo sido Campeão Nacional, o Sporting beneficiava de ligeiro (apenas ligeiro) favoritismo. Os jogos para o Campeonato de Lisboa e para o Campeonato Nacional tinham sido muito divididos, com alguns resultados surpreendentes, pelo desnível dos números. Assim, para o Campeonato de Lisboa, o Belenenses ganhara 3-1 em Casa e perdera 7-1 Fora (a maior goleada que o Sporting nos infligiu em qualquer jogo disputado; ainda assim, aquém dos 9-0 com que já os vencemos (cfr. 22 de Maio). Para o Campeonato Nacional, o Belenenses baqueara 3-1 Fora mas goleara os verde-brancos por 5-1 no nosso Estádio.
Veio, então, a final. Estava assente, previamente, por sorteio, que o jogo seria nas Salésias – com efeito, nos primeiros anos, as finais alternavam entre o Lumiar (casa do Sporting) e as Salésias (lar do Belenenses).
O Estádio José Manuel Soares Pepe estava naturalmente cheio de adeptos dos dois clubes. Ambos perseguiam a primeira conquista desta Competição.
O Belenenses alinhou desta forma: Salvador Jorge; José Simões e Feliciano; Mariano Amaro, Gomes e Varela Marques; Gilberto, Óscar Tellechea, Horácio Tellechea, Bernardo Soares e Rafael Correia.
A nossa equipa perdeu por 4-1. Resumindo, o jogo foi caracterizado por o Belenenses a atacar e o Sporting a marcar...
Do livro “A Paixão do Povo – História do Futebol em Portugal”, de João Nuno Coelho e Francisco Pinheiro, citamos a descrição do encontro: “...A primeira parte do jogo terminou com o Sporting em vantagem por 1-0, com o golo a ser marcado pelo extremo João Cruz, aos 36 minutos, culminando de forma acertada um passe de Peyroteo. O Belenenses desperdiçou durante o primeiro tempo três flagrantes oportunidades de golo, o que enervou ainda mais os seus jogadores. Este jogo ficaria famoso pela bravura e espírito de sacrifício demonstrados pelo guarda-redes do Sporting, João Azevedo, que jogou quase toda a partida com um pé fracturado, realizando mesmo assim uma exibição de luxo.
A equipa leonina, com um índice de aproveitamento muito superior aos ‘azuis’, praticamente ganhou o jogo nos primeiros minutos da segunda parte. Logo aos três minutos, com um remate forte e colocado, João Cruz bisou, para ao minuto 7 fazer o hat-trick da tarde, num golo marcado com um remate a 40 metros da baliza... O guarda-redes de Belém, Salvador, traído pelo sol, não conseguiu opor-se ao balão atirado por Cruz quase do meio-campo. Estava feito o 3-0. Logo de seguida, aos oito minutos, Gilberto, com uma excelente desmarcação pelo seu flanco, conseguiu abrir o marcador para o Belenenses, dando novo alento à sua turma.
A partir desse momento, o jogo passou a registar atritos e picardias entre os jogadores, até que aos 34 minutos, Peyroteo fez o 4-1, acabando com as poucas esperanças...”.
Assim, a conquista do troféu ficou adiada para o ano seguinte. À terceira foi de vez!
1955 – Estreia na Taça Latina, com Real Madrid
No fim dos anos quarenta e na década de cinquenta, antes de se iniciarem as competições europeias de clubes, a Taça Latina, em que participavam representantes de Portugal, Espanha, França e Itália, gozou de grande popularidade.
Ao longo dos anos em que se realizou, Benfica, Sporting e, neste ano de 1955, o Belenenses, foram os representantes de Portugal.
A tarefa com que a nossa equipa se iria deparar, não era nada fácil. Bastava ver os nomes dos adversários: o Real Madrid, o Milan e o Stade de Reims. Os dois primeiros nomes dispensam apresentações. Quanto ao clube francês, foi finalista da primeira edição da Taça dos Campeões, em 1956 (meses depois, perderia no Restelo por 2-0; cfr. 25 de Setembro), o que repetiria 2 anos depois. Acrescia a isto o estado moral da nossa equipa, certamente ainda afectada pela perda do Campeonato desse ano, a 4 minutos do fim (cfr. 24 de Abril)...
No primeiro jogo, disputado nesta data em Paris, o Belenenses defrontou-se com o Real Madrid. Era o sexto jogo entre as duas equipas. Apesar de só um dos cinco encontros anteriores se ter disputado em Portugal, havia uma igualdade entre as duas formações, com duas vitórias para cada uma e um empate.
Infelizmente, neste jogo, o Real Madrid passou para a frente, ganhando por 2-0, com golos marcados aos 14 e 60 minutos.
No entanto, o Belenenses fez um excelente jogo: atacou mais do que o seu adversário, chegou em vários períodos a ter dez jogadores (!!!) no meio campo madrileno e dispôs de várias oportunidades para marcar, inclusive antes dos espanhóis. Di Pace e Dimas atiraram mesmo, cada um deles, uma bola ao poste; e, noutra jogada, a bola andou a saltitar em frente do risco de baliza...
Matateu pôs a cabeça em água aos defensores do Real Madrid, acabando por ser vitoriado pelo público. O Belenenses perdeu mas Matateu triunfou em Paris.
Lamentavelmente, o árbitro não esteve à altura: deixou passar muitas faltas em claro; e não puniu disciplinarmente a dureza dos espanhóis. Esta chegou ao ponto de Matateu ter que sair a sangrar abundantemente de campo, levado em braços, depois de sofrer uma entrada brutal. Só vários minutos depois pôde reentrar em campo.
Enfim, perdemos mas com honra e com bastante pouca sorte e desajuda do árbitro.
Registemos a constituição da nossa equipa: José Pereira; Pires e Serafim; Carlos Silva, Figueiredo e Vicente; Dimas, Di Pace, Perez, Matateu e Tito.