quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Neste dia, em . . .

1975 – Belenenses vence o F.C.Porto por 4-0 em casa deste, para o Campeonato Nacional

Como já vimos em 14 de Janeiro e em 21 de Janeiro, na época de 72/73, depois de anos de apagamento resultantes do problema financeiro resultante da construção do Estádio do Restelo, o Belenenses voltou à ribalta, terminando o Campeonato em 2º lugar. No ano seguinte, curiosamente com os mesmos pontos, ficou um pouco abaixo, em 5º lugar, mas próximo dos primeiros – apenas a 9 pontos do 1º lugar – e em crescendo de forma – 6 vitórias seguidas nos últimos jogos.

Curiosamente, embora por ordens diferentes, os 6 primeiros foram os mesmos em ambos os campeonatos: Belenenses, Benfica, Sporting, F.C.Porto, Vitória de Setúbal (que, justamente em 74, culminava a sua década de ouro) e Vitória de Guimarães (este bastante distante dos restantes cinco). Juntamos as respectivas tabelas classificativas para ilustrar estas afirmações.

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A fim de avaliarmos os méritos relativos dos dirigentes dos diversos clubes a partir da posição de que partiram em 74, fica a nota de que, nesses dois campeonatos, Belenenses e F.C.Porto somaram o mesmo número de pontos (80), enquanto o Boavista se quedava pelos 56.

No fim da época de 74, fruto de uma conjuntura complexa, o Belenenses viu partir alguns dos seus melhores jogadores. Murça saiu para o F.C.Porto; Mourinho terminou a sua carreira; Luís Carlos regressou ao Brasil; Calado, não sei bem porquê (questões económicas?) foi dispensado; Carlos Serafim, finalmente recuperado da lesão que interrompera a sua carreira de fulgurante promessa, foi mobilizado para o serviço militar.

Para mais, também o Mestre Alejandro Scopelli deixou o comando técnico da equipa, ficando o seu adjunto Peres Bandeira a substituí-lo.

O começo do Campeonato não foi risonho para o Belenenses. Lembro-me, como se fosse hoje, Neves de Sousa, com a sua verve proverbial, a demolir os golos mal sofridos dos nossos guarda-redes Melo e Figueiredo; lembro-me de um trapalhão ponta de lança chamado Alfredo; lembro-me de uma equipa que parecia ter perdido os seus mecanismos; lembro-me de os jornais a dedicarem muitas páginas a perguntar “O que se passa com o Belenenses?”.

A pouco e pouco, porém, as coisas melhoraram.
Melo foi ganhando confiança na equipa, jogadores como Sambinha e Alfredo começaram a fazer esquecer os seus antecessores.
Há que dar mérito a Peres Bandeira: mais algumas jornadas, e faríamos melhor que o 6º lugar final; seguiu-se o triunfo num dos Grupos da Taça Intertoto (Verão de 75) e um 3º lugar no Campeonato de 75/76. Depois...depois, nova sangria na equipa: Pietra saiu para o Benfica, Freitas para o F.C.Porto. Começou a política de vender os nossos melhores jogadores para os nossos rivais, a troco de uns tostões que não resolviam o problema económico (ao apelo, no sentido contrário, de Acácio Rosa, fizeram-se ouvidos moucos: era um “velho do Restelo”...). Muito mais coisas mudaram: o Belenenses começou, progressivamente, a perder o estatuto de um dos 4 grandes, até ao desastre de 81/82; no Restelo, em jogos com o Benfica e o Sporting, os adeptos destes clubes passavam a ser em maior número (embora, claro, os pastéis fossem muitos mais que hoje); também, no Restelo, contra aquelas 2 equipas e o F.C.Porto, ao contrário do que até então acontecia, a iniciativa atacante começava a deixar de ser nossa; clubes sem pergaminhos, como o Boavista, começavam regularmente a ficar à nossa frente; o Belenenses deixava de ter jogadores de referência, conhecidos em todo o país, como sempre tivera na sua história.
Só entre 1986 e 1990 recuperou um pouco o fulgor (uma Taça de Portugal, um 3º lugar, honrosas prestações europeias) e adquiriu de novo jogadores que se impunham à atenção geral: Mladenov, Zé Mário, Mapuata; também José António, Jaime, Sobrinho e mais alguns... (Ah! Mais tarde tivémos o Emerson, que vendemos ao desbarato para o F.C.Porto a troco de uns emprestados...os tais negócios brilhantes dos génios da gestão, os novos velhos do Restelo. Emerson foi duas vezes campeão no Porto, que o vendeu para Inglaterra por milhões; quanto a nós...foi o que se viu! Mas há quem queira insistir nestas políticas – e continue instalado no poder).

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Fazemos esta longa digressão, não para ficarmos presos ao passado mas percebermos de onde e como chegámos aqui e para, quiçá, aprender algumas lições (até porque não nos limitamos a copiar friamente de livros já existentes). Do passado, os actuais dirigentes repetem o melhor ou o pior? O que nos fez grandes ou o que nos fez minguar?

Mas voltemos atrás e ao tal jogo com o F.C.Porto, nas Antas. À partida, o F.C.Porto era claramente favorito: enquanto nós andávamos pelo 7º lugar, os portistas lutavam palmo a palmo pelo título com o Benfica, tinham um treinador que fora Campeão Mundial com o Brasil (Aymoré Moreira, curiosamente irmão de Zézé Moreira, nosso treinador em 71/72 e, também ele, seleccionador brasileiro durante anos – compare-se com o que temos...) e um plantel recheado de jogadores caríssimos. Um deles, Cubillas, protagonizara um ano antes a mais cara transferência de sempre do futebol português (até então).

No entanto, o Belenenses entrou cheio de garra, e, logo nos primeiros minutos fez 1-0; pouco depois, aumentámos para 2-0; ainda antes do intervalo, veio o 3-0. Alfredo fazia miséria na defesa portista. Na 2ª parte, fomos ainda mais longe, fixando o resultado final em 4-0.

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Não se pense, contudo, que esta foi a única goleada aplicada pelo Belenenses ao F.C.Porto, no longo historial de confrontos entre os dois emblemas. Muitas outras ocorreram – e até mais expressivas -, tanto em casa do adversário, como nos nossos estádios (Salésias e Restelo). Do facto, já deixámos nota circunstanciada em 10 de Janeiro.



1979 – Importante Assembleia-Geral sobre a questão do Pavilhão (conflito com a Câmara Municipal de Lisboa)

Em pleno conflito do Belenenses com a Câmara Municipal de Lisboa por causa do Pavilhão Gimnodesportivo, que mais tarde se veio a chamar Acácio Rosa, esta Assembleia-Geral reuniu perto de dois milhares de associados.